A delegada federal Dominique de Castro Oliveira atuava junto à Interpol e foi responsável por extradição do bolsonarista; “forte sensação de revolta”, disse ela a colegas. Antes dela também foi exonerada a delegada federal do cargo de diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) em novembro.
Surpreendida pela ordem para retornar ao trabalho na superintendência da PF em Brasília, a delegada Dominique de Castro Oliveira afirmou em mensagem enviada aos colegas na quarta (1º) que o sentimento é de “incredulidade”, informa o Estadão.
“Há a forte sensação de revolta e de estar sendo injustiçada”, escreveu ela.
Dominique, que atuava junto à Interpol havia 16 anos, foi a responsável pela ordem de prisão do youtuber bolsonarista Allan dos Santos, colocado na lista de difusão vermelha do sistema de alerta para captura de foragidos internacionais.
Na prática, a delegada apenas recebeu o mandado de prisão expedido pelo STF, reviu a documentação, produziu a minuta e encaminhou o pedido para publicação.
“Supostamente eu fiz algum comentário que contrariou. Qual foi, quando, para quem, em que contexto e ambiente, não sei. A chefia também disse que não sabe, cumpriu uma ordem que recebeu”, diz outro trecho da mensagem encaminhada por Dominique aos colegas.
Primeira delegada afastada
A delegada Silvia Amelia da Fonseca foi exonerada, no dia 9 de novembro, do cargo de diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).
A demissão, assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foi vista na PF como uma represália ao processo de extradição de Santos, do Terça Livre.
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que a troca da delegada é “parte de ajustes naturais de equipe da nova gestão da Secretaria Nacional de Justiça”, ligada à pasta.
A Secretaria Nacional de Justiça é chefiada por Vicente Santini. Homem de confiança da família Bolsonaro, Santini foi secretário-adjunto da Casa Civil até janeiro de 2020, quando foi exonerado por usar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar à Índia. Depois, passou pelo Meio Ambiente e pela Secretaria-Geral da Presidência na condição de assessor.
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