Damares condena denúncia contra criança autista e alerta: “Isso é preconceito e capacitismo”
Um episódio ocorrido durante uma gincana escolar em Brasília gerou indignação e reação contundente da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. Um menino autista de 9 anos foi denunciado por uma mãe de outra aluna após expressar frustração durante a atividade — situação comum no cotidiano infantil, sobretudo para crianças com transtornos do neurodesenvolvimento.
O caso, que resultou em boletim de ocorrência e na convocação do Conselho Tutelar, levou o garoto Bernardo a comparecer à delegacia acompanhado da mãe. Sem qualquer ato de violência envolvido, a denúncia foi vista por Damares como reflexo direto de preconceito e desconhecimento da sociedade sobre o autismo.
“É inadmissível o que aconteceu. Denunciar uma criança por simplesmente se irritar em uma brincadeira é um ato de preconceito claro contra sua condição. Isso não é proteção — é opressão”, criticou a senadora, que conhece pessoalmente o menino e o descreveu como “lindo, sensível, inteligente e encantador”.
Segundo Damares, o delegado responsável pelo caso agiu com equilíbrio ao confrontar a mãe denunciante: “O delegado olhou para ela e perguntou: ‘A senhora quer mesmo que eu prenda um menino de 9 anos?’”. O episódio, segundo a parlamentar, expõe de forma explícita o capacitismo ainda presente no cotidiano de muitas famílias.
“Estamos diante de um discurso de ódio velado contra crianças autistas. É urgente promovermos o debate público sobre acolhimento, respeito e inclusão. Crianças com deficiência não podem continuar sendo vistas como ameaça ou distúrbio. Elas são sujeitos de direitos”, reforçou.
Autismo no DF: realidade desafiadora
Dados do Mapa do Autismo Brasil (MAB) indicam que no Distrito Federal, a maior parte dos diagnósticos ocorre entre crianças de 0 a 4 anos (54,7%), seguida pela faixa de 5 a 9 anos (32,4%). Ao todo, o levantamento ouviu 1.699 participantes, entre pessoas com TEA e seus responsáveis. A estimativa é que o DF abrigue hoje cerca de 60 mil pessoas autistas.
O neurologista infantil Hélio Van der Linden destaca que o diagnóstico precoce é fundamental, mas ainda encontra obstáculos, especialmente no sistema público de saúde. “A ausência de estrutura e especialistas compromete a identificação e o acompanhamento adequados dessas crianças, prejudicando sua inclusão e desenvolvimento”, alerta.
Compromisso contínuo
Damares Alves reiterou o compromisso da Comissão de Direitos Humanos em dar visibilidade à causa e cobrar avanços concretos nas políticas públicas. “Vamos continuar usando a tribuna e todos os meios disponíveis para proteger nossas crianças. Elas merecem dignidade e uma sociedade que saiba respeitar e acolher as diferenças”, concluiu.