CRÔNICAS DE MONTREAL: A ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL

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Judivan Vieira

 

Direto de Montreal, Quebec, Canadá

Em Ville-Marie, no centro de Montreal, nos instalamos pelos primeiros 6 dos 42 dias da estada em casa de Camila e Wanderson. Nos saciamos com a presença uns dos outros e com o adeus à saudade que já durava meses.

 

Então, vieram as primeiras percepções que seguirmos extraindo das caminhadas pelas ruas, das compras em supermercados, lojas, shopping centers e de tudo que os olhos veem. Afinal, quem tem sede de cultura vê educação em tudo.

 

Não sei com os outros, mas ao chegar em um lugar novo meu cérebro leva uns dias para se ambientar e reconhecer terrenos. Se existe um ônibus daqueles Hop on Hop Off, a primeira coisa que faço é comprar um ticket de 24 ou 48 horas para subir e descer, parar e rever os principais pontos turísticos da cidade e, com vista aberta do topo do busão, ou com vista panorâmica quando chove. Mas aqui em Montreal não há esse serviço, pelo menos no invernos não o encontrei, ainda.

 

Passados os 6 primeiros dias eu e Lily fomos para o AirBNB que alugamos, seguindo o roteiro que havíamos traçado. Outra vez repetimos a fórmula de ambientação, agora hospedados pertinho da estação Papineau, do Metro.

 

Descobrimos de logo que transitar de Metro, em Montreal, é como tão terrivelmente prático e excelente, como na Espanha, Paris e EUA, e como só existem 4 linhas, pegamos um mapa e decidimos percorrer todos os pontos extremos das linhas amarela, verde,  azul e laranja. Era como se para Lily e eu, a estação de Papineau fosse o coração que bombeava o sangue pelas veias da cidade.

 

Foi assim que conhecemos uns fragmentos a mais como Honoré-Beaugrand, Longueuil, Snowdon e Saint-Michel, Montmorency e Côte-Vertu e outros extremos. Em alguns nos divertimos mais que outros, em um deles perdi meu cartão de metro (custa 98 dólares por pessoa para transitar por 30 dias) e voltamos pelo mesmo caminho procurando até encontra-lo em mãos do vendedor de uma loja baixo preço e produtos de qualidade que entráramos para ver vitrine e comparar preços, tudo depois de havermos almoçados um cachorro quente com batatas fritas e refrigerante de gengibre, por míseros nove dólares e cinquenta.

 

Ora parávamos para filmar um carro atolado na neve, ora a lama que fica depois que a fina camada de flocos derrete sob as gotas da chuva congelante invernal.

Nas ruas e estações do metrô, muitos sem-teto, drogados e mendigos que me lembravam Los Angeles, nos EUA.

Em meio a toda essa mistura nos entreolhávamos relembrando um ao outro que em todo paraíso há serpentes. Seguimos felizes comendo do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

 

Numa dessas extremidades, por nome Angrignon, caminhamos pelo parque de mesmo nome. Nele, LIly tentou conquistar, com um pedaço de chocolate, um dos milhares de esquilos da cidade. O “moleque doido” chegava pertinho e afastava. Chegava e afastava. Foi assim até que pegou o primeiro pedaço de paraíso. Saiu correndo para uma árvore, subiu num galho e começou a grunhir, cantar ópera ou um pop-rock, sei lá… só sei que chocolate parece deixar qualquer um feliz.

 

Enquanto olhávamos aquele mastigar e grunhir emblemático do esquilo, pensamos se se comunicando em código com seus colegas porque em poucos minutos eu e Lily parecíamos padres, bispos, pastores ou profetas cada um com seu séquito. Estávamos sendo seguidos, talvez até perseguidos, por um bando de esquilos. Sorte nossa que aqueles não eram psicopatas. Rimos, tomamos o trem e seguimos por outros caminhos de ferro.

 

Aliás, por falar em trem e já tendo conhecido 27 países (inclusive tendo voltado várias vezes em alguns deles)  e mais de 60 cidades e alguns continentes, cada vez que vejo e utilizo o transporte sobre trilhos, penso que também nesse aspecto o Brasil está atrasado pelo menos 200 anos. Será que nossos políticos preferem rodovias porque todo ano elas esburacam e assim podem fazer novas licitações que custam milhões e milhões, sendo que alguns desses financiam suas campanhas políticas como as que teremos em 2022? Será?!?

 

Lembrei que estamos curtindo outras férias, sacodi o pensamento político da cabeça, a cabeça foi e o pensamento ficou, enquanto tomávamos um café em Papineu escutando Bob Dylan, que do alto de seu violão entoava “One more cup of coffee”.

 

Agora vou parar de escrever porque no inverno extremo a madrugada chega antes da noite. É hora de escolher um filme e de pernas para o ar, nos deliciarmos com a vista de um pedaço da ponte Jacques-Cartier, cujas luzes coloridas são forçosamente ofuscadas pelos flocos de neve que tornam o ar gélido, do outro lado da janela…

PhD. Judivan J. Vieira

Advogado/Attorney at Law (OAB-DF 13.042)

Escritor/Writer – Premiado/Awarded by ILBA/US

Palestrante/Speaker/Conferenciante

Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney- Aposentado/Retired

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