Crivella escapa de impeachment

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O prefeito Marcelo Crivella em votação na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (12), por 29 fotos a 11, teve o processo de impeachment abortado. Mais uma vez o espírito de corpo e as eleições em outubro colaboraram para que não perdesse o mandato.  Nas galerias, manifestantes a favor do prefeito cantaram o ‘Rap da Felicidade’, de Cidinho e Doca, e aos gritos de ‘Ih, fora’, comemoram a saída de opositores da Casa.

A votação começou às 14h desta quinta-feira. Estiveram presentes 47 vereadores e quatro se ausentaram. Antes da leitura dos votos, os vereadores mal conseguiram ser ouvidos, porque as galerias com grupos pró e contra o impeachment estiveram lotadas e com ânimos bastante acalorados. A vereadora Teresa Bergher (PSDB) propôs, em sua fala, a aprovação da “CPI da Márcia” para averiguar as denúncias contra o prefeito. Mas, segundo a assessoria da parlamentar, a bancada do Psol se recusou a apoiar o pedido.

Assessores de Teresa Bergher dizem que, para não perder o palanque, o Psol está se recusando a assinar a CPI da Márcia. No lado de fora da Câmara, manifestantes adversários quase se agrediram e seguranças tentavam conter o clima de tensão.

Legislando para amigos

“O prefeito só esta legislando para os seus amigos. Esse é um problema. Os nossos pares hoje aqui terão que votar se a gente aceita continuar com esse tipo de política na cidade. Agora, a gente tem uma chance de mudar. Temos a chance de votar aqui e dar o poder de volta para a população carioca com uma nova eleição”, disse David Miranda, do Psol. O vereador pediu à Mesa Diretora que o voto seja dado na tribuna para que cada parlamentar possa defendê-lo.

“Não tem fundamento nenhum até porque temos uma grave crise financeira na cidade e no país e não é dessa forma que vamos resolver os problemas da nossa cidade”, opinou o vereador Felipe Michel (PSDB), da base governista.

“Diversas denúncias foram acontecendo durante a gestão do prefeito Crivella. Diversas situações demonstraram que essa administração governava para uma parcela da sociedade. Escutei aqui de vários vereadores que a gravação veio de um veículo de imprensa e por isso não poderia ser levado a sério. Mas na verdade só podemos saber isso se a Câmara instaurar a devida investigação”, diz Átila A. Nunes (MDB).

“Os áudios gravados foram falas do próprio prefeito prometendo vantagens indevidas. O pior, inclusive com pré-candidatos da próxima eleição no Palácio da cidade”, frisou Nunes, que foi interrompido com gritos de “Não vai ter golpe”, por parte de parlamentares pró-Crivella.

Sem cumprir papel

“O que nós estamos propondo aqui é a abertura de um processo de investigação. Nós temos que exercer nosso papel. O que decidirmos hoje sinalizará inclusive não só para essa administração, mas pra futuras administrações. Se a Câmara aceita que o prefeito administre para uma parcela da sociedade ou se vai administrar para todos os cariocas”, finalizou o emedebista.

“É verdade que impeachment não pode ser banalizado mas, não é aceitável que o prefeito use a máquina pública para beneficiar cabos eleitorais. É preciso investigar com rigor e esclarecer para a sociedade o que for apurado”, afirmou Luciana Novaes (PT).

“Essa Casa tem obrigação de investigar não só os áudios, mas todas as denúncias que aqui recebemos. Como vereadores, nossa função é fiscalizar o Poder Executivo. Se encerramos esse trabalho sem investigar o ocorrido, não estaremos cumprindo o papel para o qual fomos eleitos”, acrescentou a vereadora.

“É a primeira vez que nós vemos a rede de saúde atendendo a população. Agora simplesmente pelo fato de informar a população… realmente é patético chamar de reunião secreta 250 pessoas e imprensa credenciada. Essa prefeitura disponibilizou milhares de cirurgias que em nenhum governo anterior foram colocadas à disposição da população”, discursou Jorge Maia (PTB).

Impeachment de áudio

“Nós não podemos admitir um procedimento de impeachment de áudio não periciais daqueles que são mais interessados na queda do prefeito Crivella. Eu encerro dizendo não assino nenhuma tentativa de CPI. A CPI, a essa altura do campeonato, é o reconhecimento de que o golpe não vai passar”, disse Otoni de Paula (PSC).

Otoni de Paula se referiu ao jornal O Globo, que publicou originalmente a reportagem sobre a reunião de Crivella com pastores evangélicos, mencionando que o grupo perdeu verba de publicidade no atual governo.

Após 20 vereadores discursarem, 12 se mostraram a favor da abertura de impeachment contra Crivella e 12 contra, dos 47 presentes. Os ausentes são: Carlos Bolsonaro, Chiquinho Brazão, Marcelo Siciliano e Verônica Costa.

O resultado revela a demonstração de força ainda de Crivella e unidade na base aliada.

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