CPI das Bets aprova condução coercitiva de Jon Vlogs e empresário da MarjoSports

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Foto: Redes Sociais

 

Influenciador e empresário faltam a depoimentos; senadores acusam desrespeito e discutem nova prorrogação da CPI que investiga irregularidades em casas de apostas

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas, instaurada no Senado para investigar irregularidades no mercado de jogos on-line, viveu mais um capítulo de tensão e frustração nesta terça-feira (27). Os senadores aprovaram a condução coercitiva do influenciador digital Luan Kovarik — conhecido como Jon Vlogs — e do empresário Jorge Barbosa Dias, dono da MarjoSports, após ambos faltarem ao depoimento para o qual haviam sido convocados.

Jon Vlogs justificou sua ausência alegando estar fora do país, argumento que não convenceu a relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). “Sabemos o quanto essas pessoas são ricas. Podem voltar ao Brasil em um voo qualquer. Para mim, isso é má vontade, é desculpa esfarrapada”, disparou Soraya, evidenciando o clima de impaciência da comissão com o que classificam como estratégias de obstrução.

O influenciador é apontado como proprietário da Jonbet, plataforma de apostas vinculada ao mesmo CNPJ da polêmica Blaze — casa de apostas investigada por práticas suspeitas, como possível lavagem de dinheiro e propaganda enganosa. Jon Vlogs é investigado pela CPI justamente por sua associação direta com essa estrutura e seu alcance nas redes sociais, que tem sido usado para impulsionar o mercado cinzento das apostas.

Jorge Barbosa Dias, convocado como testemunha, também não compareceu. Ele é dono da MarjoSports, cuja atuação levanta dúvidas sobre os critérios de credenciamento e a possível ligação com atividades ilícitas, como ocultação de recursos.

Para o presidente da CPI, senador Hiran Gonçalves (PP-RR), as ausências não representam apenas um contratempo, mas sim um desrespeito explícito ao Parlamento. “Não é um mero inconveniente. É desprezo por esta comissão. Vamos acionar a Advocacia do Senado para as medidas cabíveis”, disse, ao defender a condução coercitiva como única alternativa.

A recusa em comparecer e colaborar com os trabalhos legislativos levanta questionamentos sobre o grau de comprometimento dessas figuras públicas com a transparência. Enquanto alguns acumulam seguidores e lucros nas redes sociais promovendo casas de apostas de reputação duvidosa, a CPI luta contra o tempo para reunir provas e depoimentos fundamentais.

O prazo para encerramento dos trabalhos é 14 de junho, mas diante das dificuldades em ouvir investigados estratégicos, senadores já discutem a necessidade de uma nova prorrogação — seria a segunda. Os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Eduardo Girão (Novo-CE) defenderam essa ampliação. “Encerrar a CPI sem ouvir esse influenciador é uma irresponsabilidade”, alertou Izalci.

Para que a extensão seja viabilizada, é necessário um requerimento com apoio de ao menos um terço dos senadores. A continuidade da comissão parece inevitável diante das barreiras que se acumulam, mas expõe também o desafio estrutural: lidar com um setor bilionário, digital e opaco, cujos protagonistas resistem a prestar contas à sociedade.

A CPI das Apostas se aproxima de um ponto crucial: ou quebra a lógica da impunidade no mercado de jogos on-line, ou se torna mais uma comissão marcada por promessas vazias e silêncio estratégico dos principais envolvidos.

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