Covid Party bombam nas noites como se não houvesse amanhã

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Por Maurício Nogueira

A pandemia não acabou. E como se não houvesse amanhã, as festas apelidadas de Covid Party são as baladas dos jovens incautos. Protagonizam a disseminação do vírus, estando assintomáticos ou não.

Juliana (nome fictício) começou a frequentar festas no Rio de Janeiro, em meio à pandemia quando começaram as Covid Party (Festa do Covid). Os eventos se espalharam  nos Estados Unidos, alguns realizados em mansões. A moda chegou ao Rio de Janeiro. Samba, funk, música eletrônica, seja qual for o gênero musical, os eventos acontecem, antes proibidos, agora, liberados.

A jovem de 30 anos, sem considerar o perigo se jogou nas festas, em várias oportunidades.

Não deu outra. Acabou infectada pelo Covid-19. Em pouco tempo, infectou a mãe. Esta veio a ficar internada e necessitou do ventilador, indo parar na UTI. Está, no momento, convalescendo.

A atração pelo proibido, a irresponsabilidade sem receio de se infectar preponderam. E os jovens se aglomeram sem uso  das máscaras.  Muitas pessoas ainda insistem em colocar dúvidas sobre a eficiência.

A higienização das mãos com álcool em gel, se torna o passaporte para se jogar na balada. Contudo de que adianta o álcool se depois de beber algumas doses de bebida alcoólica, as máscaras descem dos narizes para o queixo ou pescoço, ou, ainda são colocadas no pulso e nesses locais permanecem por horas a fio.

A galera que comete o desatino não são esclarecidas? Tem baixo nível de escolaridade, são desinformadas? Não,  para todas as questões. Em sua grande maioria os componentes dessa galera são totalmente o oposto do que foi enunciado acima.

A mudança de hábito é traumática. Os frequentadores das festas “proibidas” são das mesmas tribos que iam para as baladas nos bons tempos antes da pandemia. E que não conseguem mudar o hábito. Ou seja, se sujeitar ao icônico Novo Normal.

Mesmo com os efeitos do Covid-19, tantos os casos quanto os números de mortes novamente ganham força. A curva está ascendente. Ou, alguns preferem dizer, a Nova Onda, verificada em países como Itália, França e Inglaterra vem crescendo.

Algumas autoridades de países que enfrentam a segunda onda, desesperados, implementam o lockdown, como última alternativa de olho , é claro, e na torcida para iniciar a distribuição de vacinas o quanto antes possível.

A pandemia apresenta elevado número de casos de Covid-19 no estado do Rio de Janeiro — e não é só na Cidade Maravilhosa, que acontecem as festas clandestinas ou liberadas.

Em diversas capitais elas rolam, no fim de semana ou em determinados dias da semana. Os eventos reúnem centenas de pessoas.

Os convites são divulgados nas redes sociais, até com senhas quando as festas são clandestinas e fechadas a portas de aço

O uso de máscaras, o distanciamento social e o álcool em gel são indispensáveis para essa nova rotina, porém, não é que se vê em bares, restaurantes, rodas de samba e festas.

Eventos liberados

De acordo com o Jornal Extra, no último sábado, 21, o Samba da Feira, realizado no Engenho de Dentro, localizado na zona Norte do Rio, reuniu um grande público. O evento foi autorizado, vale ressaltar.

A organização informou que, além do uso obrigatório de máscaras, há medição de temperatura das pessoas, à entrada.

Contudo, em vídeos publicados nas redes sociais, poucos são vistos com máscaras e o distanciamento social não respeitado. Segundo a equipe que realiza o samba, houve uma adaptação às novas regras desde outubro, quando retornaram com as atividades.

“Estamos seguindo todas essas medidas. Fazemos uma fiscalização na entrada, a venda de ingressos está limitada e, ao longo do nosso evento, avisamos no microfone a importância de respeitarmos essas regras, tanto o uso da máscara quanto o álcool gel”, afirmou a organização do evento.

Ainda de acordo com a equipe do samba, não haverá o adiamento dos próximos shows.

“Por enquanto vamos manter. Mas a gente vai aguardar as notícias sobre tudo isso que está acontecendo para decidir os próximos passos.”

Casos e mortes
Dados do governo estadual divulgados neste domingo, 22, indicou que o Estado do Rio registrou 3 mortes e 926 novos casos de Covid-19.
Com isso, a média móvel passa a ser de 97 mortes e 1.598 casos. Em comparação com duas semanas atrás, há uma subida de 112% na média móvel e de 153% na média móvel de mortes, o que, por estar acima de 15%, indica um aumento no contágio da doença, pelo sexto dia seguido.
Liberação precipitada
Para Gulnar Azevedo e Silva, professora de epidemiologia da UERJ e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), esses eventos contribuem para o crescimento do número de casos.

“A liberação desses eventos foi precipitada. A gente não está em situação de tranquilidade que possa dizer que essas aglomerações são condições que não vão interferir no aumento dos casos. Os perigos são grandes porque a gente percebe que em várias cidades há um crescimento rápido e, consequentemente, teremos problemas com pessoas que vão precisar ser internadas. E isso vai aumentar o número de óbitos e pode ser um risco grande para o colapso do sistema de saúde”, projetou.

Já foi divulgado que, precisamente, no Rio de Janeiro a ocupação de leitos em hospitais, destinados ao tratamento de infectados com Covid-19,  já chegou a 89% neste fim de semana.

Para a epidemiologista, é preciso ter uma integração entre os governos para que não haja uma situação de descontrole da doença.

Na visão de Gulnar, o ideal seria não ter eventos deste tipo. Aglomerações, pessoas muito próximas, o uso de máscara nem sempre é possível e, sobretudo, a falta de fiscalização.

“Será um risco altíssimo para a pandemia continuar crescendo. O mais importante é que possamos ter uma voz única mostrando quais são as medidas de saúde pública que devem acontecer, para que o Brasil não entre em uma situação de descontrole”, pontua.

Ela advoga clareza da importância de seguir as medidas corretas. “Para isso, precisamos que os governantes entendam a necessidade de articulação e integração. Se isso não ocorrer, vai ficar muito difícil”, declarou Gulnar.

 

 

 

 

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