Coronavírus: temerária chegada à periferia do Rio

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O novo coronavírus atingiu em cheio os mais idosos e viajantes. Principalmente, aqueles que tiveram como destinos os principais atuais focos da pandemia. Ou ainda contatos com parentes e amigos que vieram daqueles países. No entanto, o temor de especialistas era a chegada às comunidades mais carentes. Era.

Agora,  regiões afastadas do  centro do Rio de Janeiro registram casos do novo coronavírus. Para muitos, tratava-se de uma questão de tempo.

Ao menos a Secretaria Municipal de Saúde divulgou boletim às 19h desta sexta-feira. Indicam que os casos do novo coronavírus estão avançando em direção aos bairros mais pobres e mais afastados do centro do Rio de Janeiro. Ao todo, há 94 pessoas infectadas no municipio, 16 delas hospitalizadas.

Até a noite de sexta, casos da doença Covid-19 foram registrados em Padre Miguel (2), Bangu (1) e Sepetiba (1), na Zona Oeste. Na Zona Norte, duas suspeitas apareceram pela primeira vez no Complexo da Maré e uma outra na Pavuna. Também há registros sem confirmação em Parque Anchieta (1), Realengo (1), Campo Grande (4), Cosmos (1), Santa Cruz (1) e Pedra de Guaratiba (2).

A situação do Rio reflete o que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse ser o caso de todo o Brasil.

Em portaria publicada nesta sexta-feira, ele declarou que a transmissão comunitária do vírus — quando não é mais possível identificar com quem o ciclo dele começou — já é uma realidade em todo país.

Na capital fluminense, os casos confirmados vêm aumentando e quase dobraram em uma semana.

Na segunda-feira, eram 51. Na sexta, cinco dias depois, somaram 94. No mesmo intervalo, as suspeitas passaram de 173 para 184, mas chegaram a um pico de 205 na quinta-feira.

A maior parte das confirmações ainda está em bairros mais abastados, como Barra da Tijuca (16), na Zona Oeste, Leblon (16), Ipanema (10), São Conrado (8), Copacabana (5), Jardim Botânico (5), Botafogo (4), Flamengo (4), entre outros.

Em fevereiro, em entrevista à GloboNews, Mandetta adiantou que estava preocupada com a chegada do vírus ao Rio, dada a concentração dos cariocas em comunidades.

“O Rio é uma cidade mais condensada. Temos problema de distância e os espaços são menores. Além do que, há áreas de exclusão social, favelas, áreas de proximidade muito próximas às pessoas, de baixo saneamento e núcleos familiares extensos que vivem dentro de espaços apertados”,  afirmou o ministro na ocasião.

Além dos problemas listados no mês passado por Mandetta, houve outro fator agravante nos últimos dias.

As comunidades do Rio e de municípios da Região Metropolitana, na Baixada Fluminense, vêm registrando falta d’água, grande impedimento para que seus habitantes possam cumprir o hábito de higiene primário para a prevenção do coronavírus: lavar as mãos.

Também há dificuldades na atenção básica aos cariocas. Levantamento da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, de 2019, apontou que a capacidade de atendimento da rede de Saúde da Família no Rio caiu 17%.

E a cobertura, que era de 70% da cidade, passou a 53%. Os dados são contestados pela Secretaria da Saúde, que alega ter inaugurado nove unidades.

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