Contradições da Sociedade Atual: Entre Sonhos, Delírios e Desafios

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Foto: Divulgações

 

Reflexões sobre as contradições e desafios da geração atual

 

Por José Gadêlha 

 

As gerações humanas sempre se caracterizam por construir suas práticas, sonhos e ilusões – independentemente dos contextos socio-históricos em que vivemos. No entanto, há sonhos e há delírios; e toda geração, seja qual for, precisa deixar as marcas de sua utopia na história, mensuradas em uma práxis transformadora – legando às gerações futuras um mundo mais justo, humano e solidário. Mas estamos fazendo isso?

 

Vejamos as contradições que inundam nosso dia a dia e que mostram as diferenças entre sonhos e delírios. Com o charme e o glamour dos influenciadores digitais – que me desculpem seus fãs – chamo-os de “idiotas digitais”, vivemos, em nosso amado Brasil, a era do achismo. Achamos que temos certeza da lógica da vida, quando debochamos dos princípios científicos e filosóficos da vida – só porque as redes sociais apresentam um mundo sem contradições, onde o importante é curtir a vida, extasiados pelas overdoses de dopamina. Nada importa além do meu eu – mas quero que todos flertem comigo! Todos têm que me dar atenção!

 

No mundo do império hedonista, dos prazeres sem princípios, caminhamos a passos largos na destruição do planeta, esquecendo-nos de que a mãe terra tem limites; afinal, alertava a grande alma M. Gandhi: “o Criador instituiu a natureza para atender às necessidades humanas, jamais a ganância de alguns”. No Modo de Produção Capitalista, se acham donos do planeta, manipulando uma horda influenciável pelo consumismo.

 

Uma das características centrais da lógica capitalista é criar o império da necessidade – e, por consequência, do sofrimento. Nesse sentido, atender às exigências capitalistas é deslocar o verdadeiro sentido da vida, criando um estado de esquizofrenia social. O capitalismo me quer fora de si, do meu eu orgânico dotado de autonomia. Preciso depender de algo; preciso estar na carência dessa lógica para buscar, de forma desenfreada, algo fora do eu sujeito, para atender aos apetites do capital. Isso é delírio – e para os delírios não há balizas – apenas falsos estímulos alimentados pelo mundo digital.

 

O resultado disso é a construção que está se fazendo, diuturnamente, de uma sociedade calcada em valores artificiais e na quebra das relações familiares; onde tudo é mediado, não pela educação, pelo aprendizado, mas pelo “valor compensatório” do fetiche gerado na lógica da mercadoria. Muitos acham que vão construir cognitiva e socialmente os sentidos da vida, ou, para o charme dos influenciadores digitais, seu “projeto de vida”, sem esforço, sem estudos e sem respeito à Educação Pública.

 

A construção de uma sociedade minimamente civilizada é um lugar de logos dialético permeando aprendizado, espaço público, convivência e freios normativos, para evitar fraturas nos laços sociais que mantêm uma comunidade unida. E esse logos não pode ser instituído pelas tecnologias digitais, pois o digital não tem espírito; e, por consequência, não constitui verdade – abertura para o aprendizado dos que chegam (pelo nascimento) e dos que já estão em comunidade. Somente a Escola Pública republicana é capaz de cumprir essa missão!

 

 

*José Gadêlha Loureiro, professor de História da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e Diretor do CEM de Ceilândia.

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