Por Miguel Lucena
Quando alguém sofre uma grande perda ou enfrenta uma frustração profunda, é comum cair na armadilha de achar que nada mais vale a pena. O mesmo vale para a política. O desânimo individual se torna matéria-prima para os semeadores do caos. Eles exploram o desencanto para espalhar a ideia de que tudo está podre e precisa ser destruído — como se a solução estivesse num salvador da pátria ou numa ruptura total.
É nesse terreno de ressentimento que germinam propostas autoritárias, embaladas por promessas de ordem e moralidade. Aos poucos, vai-se minando a confiança nas instituições democráticas e ridicularizando os que ainda tentam pensar com decência.
A política de terra arrasada não é neutra. Ela tem método, tem discurso, tem seguidores. E o que começa como frustração pode virar fúria — um campo fértil para os que pretendem mandar calar, prender, excluir.
Assim se semeia o caos: com mentiras, medo e oportunismo. E o fruto é a liberdade arrancada pela raiz.