Coisa boa é ser ladrão

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Por Miguezim de Princesa

 

I
Foi numa decisão suprema
Transmitida na notícia,
“Morra o chefe da Polícia!”,
Disse Zezito Pustema,
Ao assistir ao dilema
Da loucura com a razão,
Em que a corrupção
Se exalta de dedo em riste:
A coisa melhor que existe
No Brasil é ser ladrão.

II
Mas tem de ser bem sabido,
Porque o ladrão lascado
Leva couro, é algemado,
É chamado de bandido,
Fica num lugar fedido
Ao lado de um cagaião,
Dorme perto de um brancão
Que em futucá-lo persiste,
A coisa melhor que existe
No Brasil é ser ladrão.

III
Tendo fortuna e dinheiro
E poderio na política,
Ao ladrão tudo se explica
Do direito brasileiro,
Transforma-se a lei ligeiro
Para lhe dar proteção,
Gilmar disse: “A condução
Coercitiva é tão triste…”,
A coisa melhor que existe
No Brasil é ser ladrão.

IV
Quem descobriu a tramoia
Fugiu pra outro país,
Pois o supremo-juiz
Quis lhe botar uma tipoia,
E o boca de jiboia
Maquinando no porão
Com as bancas do bilhão,
Tal passarinho no alpiste,
A coisa melhor que existe
No Brasil é ser ladrão.

V
Agora eu digo danado
O que falta acontecer:
É o povo devolver
Todo o dinheiro roubado.
“O processo é viciado”,
Fala o boca de porrão*,
“Prendam até o capitão,
O juiz e o delegado”.
No Brasil acanalhado,
Coisa boa é ser ladrão!

*Porrão – pote de barro.

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