Servidor é exonerado por WhatsApp durante férias do deputado e clima de perseguição se espalha nos bastidores da política de São Sebastião
A expressão popular “quando o gato sai, os ratos fazem a festa” parece ilustrar com precisão o atual cenário do gabinete do deputado distrital Rogério Morro da Cruz (PRD). Na ausência do parlamentar e de seus principais assessores — que estão em período de férias —, decisões unilaterais tomadas pelo chefe de gabinete, Josemar Costa, estão provocando desconforto, demissões e desconfiança nos corredores políticos de São Sebastião.
Na segunda-feira (8), um servidor comissionado, conhecido pela fidelidade e atuação protetora junto ao deputado, foi exonerado de forma inusitada: por meio de uma mensagem de WhatsApp. A ordem partiu diretamente de Josemar, apontado como o atual “homem forte” da equipe enquanto o titular do mandato e seus aliados viajam.
Segundo apuração da reportagem, esta não é a primeira exoneração realizada por Josemar durante esse período. Pelo menos outro nome já foi dispensado, e há relatos de que mais desligamentos estariam sendo preparados. O clima entre os servidores é de tensão e insegurança.
“Tem pessoas sendo perseguidas. A demissão foi para mostrar poder e intimidar os demais”, relatou, sob anonimato, um comissionado da própria equipe.
A exoneração causou repercussão imediata entre lideranças comunitárias e até opositores políticos, que prestaram solidariedade ao servidor demitido. Embora exonerações sejam parte natural da dinâmica dos cargos comissionados, o modo como foi conduzido o desligamento — sem diálogo, aviso prévio ou justificativa formal — gerou críticas à condução administrativa do gabinete.
Nos grupos de mensagens da cidade, o assunto dominou o debate. Muitos sugerem que o deputado Rogério Morro da Cruz estaria enfrentando dificuldades para manter o controle da equipe e teria sido “picado pela mosca azul”, expressão usada no meio político para se referir a quem se deslumbra com o poder e se afasta das bases.
A situação alimenta rumores sobre uma possível crise interna, com questionamentos sobre o real grau de autonomia do deputado frente às decisões do seu núcleo duro. Também levanta dúvidas quanto aos critérios adotados para a composição — e desmonte — de sua equipe de confiança.
A ausência de transparência, somada à sensação de perseguição política, fragiliza a imagem do gabinete e acende um alerta sobre a condução da máquina pública em São Sebastião. Para muitos, o episódio desta semana é apenas mais um reflexo da fragilidade de lideranças que, ao se afastarem da linha de frente, perdem o controle sobre os rumos de suas próprias gestões.