Cesta básica ideal compromete 21% da renda do brasileiro e está fora do alcance de 70% da população

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É a terceira vez que o GDF amplia a lista de produtos na cesta básica para reduzir a pressão inflacionária e fazer com que os alimentos cheguem às mesas dos brasilienses com menos custo | Foto: Vinicius de Melo/ Agência Brasília

 

Levantamento do Instituto Pacto Contra a Fome aponta que mais de 21 milhões de pessoas vivem com renda inferior ao valor da alimentação adequada

 

 

Um levantamento do Instituto Pacto Contra a Fome revela um cenário alarmante sobre a insegurança alimentar no Brasil. De acordo com o estudo, o custo da cesta básica ideal para garantir uma alimentação saudável no país chegou a R$ 432 por pessoa em abril deste ano, valor que representa 21,4% da renda média per capita nacional, estimada em R$ 2.020, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.

Os dados constam na edição de maio do Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos, produzido pelo instituto. A publicação aponta que mais de 70% da população brasileira não possui renda suficiente para arcar com uma alimentação adequada e ao mesmo tempo cobrir as demais despesas essenciais do dia a dia.

Ainda segundo o boletim, mais de 10% da população – o equivalente a cerca de 21,7 milhões de pessoas – vive com uma renda inferior ao custo mensal da cesta ideal, o que evidencia a gravidade do problema.

“Essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população. Nosso objetivo é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias”, afirmou, em nota, Ricardo Mota, gerente de Inteligência Estratégica do Pacto Contra a Fome.

O cálculo da cesta ideal teve como base os alimentos indicados pela cesta do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN), da Universidade de São Paulo (USP), composta por itens in natura e minimamente processados, seguindo o Guia Alimentar para a População Brasileira e as diretrizes da Comissão EAT-Lancet.

Impacto desproporcional da inflação

O boletim também destaca o peso da inflação de alimentos no custo de vida das famílias brasileiras, especialmente entre as mais vulneráveis. Em abril, o grupo Alimentação e Bebidas apresentou alta de 0,82%, puxado pelos aumentos expressivos nos preços da batata (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%). O índice geral de inflação (IPCA) no mesmo período foi de 0,43%, o que reforça o impacto desproporcional dos alimentos no orçamento das famílias de baixa renda.

Segundo a entidade, o impacto da inflação alimentar é até 2,5 vezes maior para famílias de menor poder aquisitivo do que para aquelas de renda mais alta. Embora alguns itens tenham apresentado queda nos preços — como arroz (-4,19%), mamão (-5,96%) e feijão preto (-5,45%) —, a pressão inflacionária permanece concentrada nos alimentos essenciais e in natura, mais suscetíveis às variações climáticas e sazonais.

O Pacto Contra a Fome alerta para a necessidade de políticas públicas efetivas e baseadas em evidências para o enfrentamento da insegurança alimentar, afirmando que a ausência de monitoramento contínuo torna ineficaz qualquer tentativa de combate ao problema.

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