A Secretaria de Saúde do Distrito Federal atende por mês cerca de 1,5 mil jovens em busca de ajuda para a dependência em internet e eletrônicos. Os dados divulgados esta semana pelo GDF se referem ao uso excessivo de computadores, celulares e videogames por jovens entre 10 e 18 anos.
A divulgação do levantamento ocorre no período em que se completam dois meses em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar, pela primeira vez, a dependência em jogos de videogame, como um distúrbio mental. De acordo com especialistas, a condição é considerada uma doença e precisa ser tratada. Além disso, pode provocar prejuízos na escola, nas relações familiares e na saúde.
Para ter acesso ao tratamento na unidade conhecida como “Adolescentro”, os jovens podem ser encaminhados por médicos nos postos de saúde ou buscar o atendimento espontaneamente. No local, o acompanhamento é multidisciplinar com assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras e dentistas.
Sinais de alerta
Em entrevista à TV Globo, o especialista em mídias digitais Gilberto Lacerda pontuou que alguns jovens e até os próprios pais costumam ter dificuldade em identificar o tipo de comportamento considerado abusivo. Para Lacerda, é preciso acender um alerta “a partir do momento que afeta a produtividade , o desempenho escolar e o relacionamento”, explica.
Esse tipo de alerta na mudança de comportamento chegou a ser despertado nos pais do, hoje, gerente de projetos Bruno Coelho, de 38 anos. O morador da Asa Norte, em Brasília, joga video games desde o três anos, idade em que recebeu o primeiro eletronônico de presente.
“Já cheguei a jogar quase três dias seguidos junto com meu irmão, até que minha mãe quebrou o vídeo game. Era um RPG que tinha acabado de sair, começamos na sexta depois da escola e fomos até o domingo”, lembra.
Já adulto, Bruno diz jogar apenas aos fins de semana, uma média de 18 horas no total. Apesar da paixão por jogos de luta e de tiro ainda persistir, ele garante que o hobby é “saudável” e funciona como uma “válvula de escape”.
“Gosto da parte de raciocínio lógico, me ajuda na coordenação motora”, explica. “No trabalho me ajuda na parte de ser multitarefas. Faço uma atividade e penso em duas ou três paralelas e com qualidade entrega no final”.
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A estudante de análise de sistemas joga ao lado do marido, também apaixonado por games (Foto: TV Globo/Reprodução)
Em dose dupla
Em comum com o marido, a estudante Rayane Cavalcanti tem, principalmente, o amor pelos jogos. Os dois são coordenadores de um evento anual de video game no DF e disputam juntos as partidas dos jogos preferidos dentro de casa.
“Nós dois temos uma sintonia forte quando estamos jogando. A gente sabe mais ou menos a forma de cada um jogar, um ajuda ao outro e salva quando morre”, brinca.
A dupla também considera o hábito saudável. Para Rayane, o uso de eletrônicos é o momento de diversão, “também é trabalho”, explica.
Apesar de não participar d ecompetições de games, ela diz se dedicar ao hobby, mas garante também nunca ter deixado de cumprir outras obrigações por causa dos games. “É ali que eu tiro meu stress”, conclui. G1