CBF e Nike politizam uniforme da Seleção

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Nike planeja camisa vermelha para Seleção Brasileira e reacende debate político sobre identidade nacional

A fornecedora oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Nike, prepara uma mudança radical no uniforme reserva da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026: a tradicional camisa azul deve ser substituída por uma versão vermelha. A informação, divulgada pelo site especializado Footy Headlines, aponta que a alteração marcará também o início da parceria da CBF com a Jordan Brand, braço do grupo Nike, cuja logomarca deve estampar a nova peça.

Desde 1996, quando a Nike assumiu a produção dos uniformes da Seleção, não houve alterações tão ousadas nas cores oficiais. A camisa reserva azul, introduzida em 1950 após a derrota na final da Copa daquele ano, consolidou-se ao longo das décadas como símbolo da tradição esportiva brasileira. A mudança agora proposta, portanto, representa não apenas uma jogada de marketing — mas um rompimento simbólico com mais de 70 anos de identidade visual.

Ainda que o tom exato do vermelho não tenha sido oficialmente divulgado, a cor tem forte carga simbólica no Brasil, sobretudo no contexto político polarizado. O vermelho é amplamente associado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e à esquerda em geral, enquanto a camisa amarela da Seleção foi apropriada por movimentos anti-PT desde 2013 e se tornou uniforme informal de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A escolha, portanto, inevitavelmente carrega interpretações ideológicas, sobretudo às vésperas de mais um ciclo eleitoral — a camisa vermelha está prevista para ser lançada em março de 2026, meses antes das Eleições Gerais.

Apesar da polêmica, o vermelho não é completamente inédito nos uniformes da Seleção. Ele já foi utilizado por goleiros em cinco modelos diferentes e apareceu discretamente em detalhes de uma camisa comemorativa lançada pela Jordan em 2016. Ainda assim, seu uso como cor principal de um uniforme oficial da Seleção principal masculina será uma novidade histórica — e carregada de significados.

A decisão desperta questionamentos não apenas sobre estética ou tradição, mas sobre o papel do futebol como reflexo das tensões sociais e políticas do país. A Nike, com o aval da CBF, parece disposta a explorar esse terreno ambíguo — onde paixão esportiva, identidade nacional e marketing global se cruzam. Resta saber se a torcida brasileira, sempre dividida entre memória e modernidade, aceitará essa nova camisa como símbolo de união — ou como mais um reflexo da fragmentação do Brasil contemporâneo.

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