Com mais de 155 mil visitantes em um ano, espaço no coração da Praça dos Três Poderes exalta a memória, o afeto e a arte de servir — entre o traço de Niemeyer e o calor dos candangos
Com suas linhas curvas desenhadas como poesia no concreto, a Casa de Chá é mais do que uma edificação: é um suspiro de Oscar Niemeyer eternizado na paisagem da Praça dos Três Poderes. Erguida com leveza e genialidade por quem via na arquitetura uma forma de liberdade, o espaço renasceu há um ano como café-escola do Senac, devolvendo à cidade não só um monumento, mas uma vivência — onde forma e função se entrelaçam com afeto, sabor e memória. Nesse primeiro aniversário de reabertura, a Casa de Chá celebra a síntese perfeita entre o traço visionário do arquiteto e o calor humano que sempre deu vida aos sonhos modernistas de Brasília.
Cravada entre as linhas da história e os ventos que sopram do Planalto Central, a Casa de Chá, fincada com elegância no coração da Praça dos Três Poderes, celebra o florescer de um novo ciclo. Nesta quinta-feira (26), completou um ano de reabertura como café-escola do Senac — e a data não passou em branco: foi marcada por memória, arte e reverência aos heróis que ergueram Brasília com suor e sonho.
Ao som da memória, o Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) presenteou o público com a primeira exibição do documentário Brasília 65 anos — Do sonho ao concreto: heróis anônimos, um tributo cinematográfico tecido a partir da digitalização de películas raras. As imagens inéditas da construção da capital resgatam não apenas a monumentalidade da obra, mas o pulsar das mãos que deram vida ao traço modernista.

“Brasília nasceu da genialidade de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, mas vive e respira graças aos candangos — homens e mulheres que acreditaram no impossível”, afirmou, com emoção, o superintendente do ArPDF, Adalberto Scigliano. O longa, com direção de Walther Neto e narração do ator Jackson Antunes, volta às telas nesta sexta-feira (27), para alunos do Senac, e no sábado, com sessões abertas ao público.

Enquanto a história desfila na tela, outro tesouro se revela nas paredes da Casa de Chá: a exposição Entre o traço e o tempo, aberta até 10 de julho, que exibe documentos e fotos inéditas de Oscar Niemeyer. Entre elas, as plantas originais da própria Casa de Chá — com assinatura do mestre — e um memorial descritivo de sua concepção. “É emocionante saber que guardamos, hoje, não apenas o espaço físico, mas a alma do projeto. É o passado tocando o presente”, acrescentou Scigliano.
O renascimento da Casa de Chá, após décadas adormecida, foi possível graças à união entre o Governo do Distrito Federal e o Senac. Hoje, ela é um espaço vivo, onde a gastronomia regional encontra a tradição e o afeto. Em apenas um ano, mais de 155 mil pessoas atravessaram suas portas.
“A reabertura da Casa de Chá como café-escola representa a valorização do nosso patrimônio e o fortalecimento de Brasília como potência gastronômica. Aqui, turismo, formação profissional e cultura se entrelaçam em uma experiência acolhedora”, celebrou o secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo.

Em meio às homenagens, o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido, fez um agradecimento emocionado, transformando gratidão em verso e parceria em poesia:
“O Sistema Fecomércio DF, do Sesc e do Senac, tem uma parceria boa, tem um diálogo muito forte.
O fato é que, quando a gente anda de mãos dadas — governo, setor produtivo, imprensa e toda a população —, só quem vem a ganhar é Brasília.
Nós sempre mantivemos esse diálogo vivo. A imprensa, que divulga com carinho cada evento, merece nossa gratidão.
A sociedade abraça o que é feito com o coração: casa cheia nas festas juninas, como agora, aqui na Praça dos Três Poderes.
Foram 155 mil e 500 pessoas atendidas em um ano. Quase 13 mil por mês.
Isso nos enche de alegria.
Agradeço ao STF, ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional —
pelo apoio diário, pela escuta, pela parceria.
Há dificuldades, sim. Mas nunca faltou colaboração.
E ninguém constrói nada sozinho.
A Casa de Chá é exemplo disso: é sucesso porque Brasília caminha unida.”

O diretor regional do Senac-DF, Vitor Correa, reforçou essa visão coletiva ao destacar que o projeto foi construído “com a sociedade”. “É um espaço que pulsa no coração da cidade, valorizado por quem ama Brasília. Um patrimônio coletivo, feito com afeto.”
De quarta a domingo, das 10h30 às 19h30, o café-escola da Casa de Chá recebe brasilienses e turistas com sabores que homenageiam o cerrado e com a hospitalidade de quem transforma o servir em arte. Ali também funciona um Centro de Atendimento ao Turista, onde mapas, dicas e encantos são distribuídos como quem oferece uma xícara de afeto.
Em cada detalhe, a Casa de Chá nos lembra que Brasília não é feita apenas de concreto e curvas. Ela é feita de memória, de encontros, e de um Brasil que ainda se emociona com seus próprios sonhos realizados.
Fotos: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília