Na CPI da Covid, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo afirmou que em 2020 a farmacêutica entrou em contato com o governo brasileiro para oferecer sua vacina contra Covid-19, por tres vezes. Naquele momento, Murillo era presidente da empresa no Brasil. A comissao se reuniu na manhã desta quinta (13).
Antes da oitiva da Pfizer, os senadores iniciaram o trabalho da CPI por volta das 9h45 para tratarem assuntos internos da própria comissão – como questões de ordem e outros questionamentos feitos pelos senadores.
A oitiva com o presidente regional da Pfizer começou pouco antes das 10h30, com um breve relato por parte dele sobre a atuação da empresa no combate à pandemia e terminou às 16h.
Questionado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) sobre uma eventual conversa com o ministro Paulo Guedes, por telefone, sobre as vacinas contra Covid-19, o representante da farmacêutica afirmou que o chefe da Economia pediu mais doses de vacinas.
“Nessa reunião que fiz por ligação com senhor Fábio [Wajngarten], ele me solicitou a aguardar e [perguntou] se [eu] podia continuar na ligação – ele comentou que estava entrando na sala do presidente e [pediu] que eu repetisse o que tinha dito a ele previamente”, detalhou o presidente da empresa na América Latina.
“Repeti e disse que estávamos com oferta e negociações com o Ministério da Saúde. O ministro Guedes perguntou quantitativo. Eu comentei e ele solicitou que nós aumentássemos o quantitativo. A reunião terminou”, completou.
Ele disse ainda que entre maio e novembro, até o telefonema intermediado pelo ex-secretário de Comunicação, nem Guedes nem o então ministro da Saúde, Eduado Pazuello, tinham conversado diretamente com a Pfizer.
“Não tivemos conversação com os ministros nesse período (…) Somente com equipe técnica.”
Em esclarecimento à CPI da Pandemia, o presidente da Pfizer na América Latina informou que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o Assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, participaram de uma reunião, em 7 de novembro, no Palácio do Planalto para esclarecer entraves legais à compra da vacina da empresa.
“Após uma hora de reunião, Fabio [Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência] recebeu ligação, saiu da sala e retornou para a reunião”, afirmou Murillo.
“Minutos depois, entram na sala de reunião Felipe Martins e Carlos Bolsonaro. Fabio explicou a Martins e a Carlos os esclarecimentos prestados pela Pfizer até então na reunião”, completou.
Ele afirmou que o filho de Bolsonaro deixou a reunião pouco depois. Já o assessor do presidente permaneceu até o fim do encontro, pouco tempo depois. Martins ressaltou ainda que não participou pessoalmente desse encontro e que as informações lhe foram repassadas pela diretora-jurídica da Pfizer.
Murillo confirma contato de Wajngarten com CEO da Pfizer
De acordo com o relato do presidente da Pfizer na América Latin, ele foi informado pela matriz da empresa que o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten tentou contatar o CEO da farmacêutica, Albert Bourla, por e-mail e telefone.
Com a confirmação de que Wajngarten era, de fato, funcionário do governo, Carlos Murillo foi orientado a falar com o ex-secretário por ser o responsável pela região.
Murillo afirmou que a primeira oferta feita pela Pfizer era vinculante e tinha validade de 15 dias. “Passados esses 15 dias, o governo do Brasil não rejeitou e nem aceitou a conversa. Não tivemos resposta”, disse ele, ao ser questionado pelo relator da CPI sobre essa questão.
“Depois dessas ofertas, em 12 de setembro, nosso CEO enviou uma comunicação ao Brasil indicando nosso interesse em chegar a um acordo (…) dirigido ao presidente Bolsonaro e outras autoridades”, completou.
Ele detalhou que, além do presidente, receberam cópia do documento o vice-presidente, Hamilton Mourão, o então ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador do Brasil nos EUA, Nestor Forster.
“Todas as propostas que mencionei anteriormente foram formalizadas em documentos enviados ao ministério da saúde. A carta, em si, não é considerada por nós uma oferta.”
Maio e junho de 2020
- Reuniões iniciais exploratórias para compartilhar status de desenvolvimento da vacina
Julho de 2020
- 16 de julho
apresentado uma “expressão de interesse” em que foram resumidas as condições de compra do imunizante
Agosto de 2020
- 6 de agosto
Ministério da Saúde manifestou possível interesse na vacina; - 14 de agosto
Pfizer fez a primeira oferta: uma com 30 milhões de doses e outra com 70 milhões, com possível cronograma de entrega durante o final de 2020 e 2021; - 18 de agosto
- Pfizer volta a fazer oferta por 30 e 70 milhões de doses, com um quantitativo adicional ao Brasil para o final de 2020;
- 26 de agosto
Pfizer fez uma terceira oferta, também em contratos de 30 e 70 milhões de doses – com um pouco mais de quantidade para o primeiro trimestre de 2021
- Novembro11 de novembroAtualizada a oferta de 70 milhões. Seriam 2 milhões no primeiro trimestre de 2021, 6,5 milhões no segundo trimestre, 32 milhões no terceiro trimestre e 29,5 milhões no quarto trimestre.
- 24 de novembro
Mesma oferta com condições diferentes, com base no registro sanitário aprovado.
Fevereiro de 2021
- 15 de fevereiro
Oferecidas 100 milhões de doses. Seriam 8,7 milhões no segundo trimestre, 32 milhões no terceiro trimestre e 39 milhões no quarto trimestre.
Março de 2021
- 8 de março
Oferta de 100 milhões, com 14 milhões no segundo trimestre e 86 milhões no terceiro trimestre de 2021. Esse foi o contrato assinado com o governo brasileiro.
Abril de 2021
- 23 de abril
O segundo contrato por mais 100 milhões de doses, considerando 30 milhões no terceiro trimestre de 2021 e 70 milhões no quarto trimestre de 2021. Tratativas em fase final