Camarote VIP e até casamento: relatório do Ministério Público detalha acerto de propina no Banco de Brasília

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Show do Rock in Rio e buffet de festa da filha de um dos chefes do banco fazem parte dos ‘presentes’ citados pelo delator Ricardo Rodrigues.

 

Análises do Ministério Público Federal no material apreendido durante a operação Circus Maximus – que apura o pagamento de propina no Banco de Brasília (BRB) – apontam que parte do dinheiro envolvido no esquema foi negociado em meio à edição de 2015 do Rock in Rio. O G1 e a TV Globo tiveram acesso aos documentos.

Segundo o MPF, o então presidente do BRB, Vasco Gonçalves, e o então presidente da empresa responsável pelos investimentos do banco (BRB-DTVM), Nilban Júnior, foram convidados ao show pelo empresário Ricardo Rodrigues. Ele relatou ter fornecido ingressos aos dois para o camarote VIP.

Ricardo Rodrigues, que fechou delação premiada com a força-tarefa, representava um fundo de investimento. Ele buscava recursos do BRB para erguer um hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro – o ex-Trump Hotel, agora conhecido como LSH Lifestyle.

“Não há dúvida que Vasco e Nilban receberam os convites na qualidade de funcionários públicos, respectivamente presidente do banco BRB e presidente da BRB-DTVM, tendo em vista que a passagem para o retorno do evento foi custeada pelo banco BRB”, diz relatório do MPF.

 

Folders do festival Rock in Rio apreendidos durante operação Circus Maximus — Foto: Reprodução/MPF

O trecho da delação foi confirmado durante as buscas e apreensões feitas na primeira fase da operação, em fevereiro deste ano. Com Vasco Gonçalves, os investigadores encontraram um panfleto com o programa do Rock in Rio para o dia 18 de setembro de 2015, quando a banda britânica Queen e o cantor Adam Lambert se apresentaram no palco principal.

“A presença no dia é compatível com registro de voo fornecido por companhia aérea que mostra o retorno de Vasco Gonçalves e Nilban Júnior no dia 19/09/2015 com passagens adquiridas pelo BRB”, continua o relatório.

Depois do evento, o MPF afirma que Ricardo Rodrigues apresentou aos dois banqueiros uma propina em troca da aprovação de dois aportes ao fundo, de R$ 20 milhões e R$ 50 milhões. O encontro ocorreu no canteiro de obras do hotel.

De acordo com as investigações, foram pagos R$ 600 mil em propina após este encontro. A reportagem tentou contato, mas não localizou os citados.

 ‘Casamento patrocinado’

Trecho de depoimento que aponta pagamento de buffet de empresário a banqueiro do BRB — Foto: Reprodução/MPF

Trecho de depoimento que aponta pagamento de buffet de empresário a banqueiro do BRB — Foto: Reprodução/MPF

O camarote VIP e o dinheiro não foram a única forma de propina oferecida aos gestores do Banco de Brasília, afirma o Ministério Público. Em depoimento, o delator também admitiu ter financiado o buffet de casamento da filha do banqueiro Nilban Júnior. Para o MPF, trata-se de uma “inusitada solicitação” do representante do BRB.

“Em novembro de 2015, o senhor Nilban me procurou dizendo que a filha dele se casaria, se não me engano no início de dezembro, e que ele precisava de ajuda, se eu podia ajudá-lo a pagar o buffet”, contou o empresário Ricardo Rodrigues aos procuradores.

Segundo Rodrigues, a proposta foi aceita como forma de estabelecer um contato direto com a cúpula do banco.

“Eu disse que sim, me interessava essa relação comercial. […] Me interessava me aproximar. E aí eu fiz o pagamento do buffet. Se não me engano, o valor foi de R$ 50 mil para uma empresa que prestou o buffet”, afirmou o delator.

Embora no depoimento aos procuradores o empresário tenha mencionado a quantia de R$ 50 mil para o evento, o MPF aponta que foi destinado, na verdade, um total de R$ 60 mil (veja documento acima).

A transação foi feita diretamente com a dona do buffet. A cerimônia ofereceu aos convidados 3 mil docinhos, canapés de caviar, salmão, risoto de alho-poró e limão siciliano, filé de pescada amarela com molho de camarão – tudo servido em peças de cristal, pratarias e guardanapos de linho.

Fonte: G1

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