Caiado alerta para avanço do crime organizado e defende autonomia dos estados na segurança pública
Durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (28/5), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez um duro alerta sobre o avanço das facções criminosas no país. Segundo ele, o Brasil vive uma escalada do crime organizado que exige medidas mais firmes e descentralizadas. “Não podemos tratar faccionado como crime comum. Teve uma progressão assustadora. É um processo de complacência e conivência com os crimes”, declarou.
A discussão girou em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/25, conhecida como PEC da Segurança Pública, que propõe mudanças estruturais no Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Para Caiado, a tentativa de centralização das políticas públicas por parte do governo federal tem sido ineficaz. “É um processo de complacência ou de conivência. Isso é ausência de Estado”, afirmou.
O governador criticou especialmente a atuação da União em áreas sob sua responsabilidade constitucional, como combate ao tráfico de drogas, contrabando de armas, crimes transnacionais e lavagem de dinheiro. “O presidente da República precisava ter o comando sobre as forças dele e tratar os crimes que estão sob a tutela dele. Não é interferir na prerrogativa dos governadores”, reforçou.
Crime organizado no setor empresarial
Caiado também alertou para a infiltração do crime organizado em setores da economia brasileira, como transporte público, mercado imobiliário e postos de combustíveis. “Hoje eles passaram a ter tamanha ousadia que entraram na área empresarial”, afirmou. Segundo ele, essa escalada é visível em estados como Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.
Defesa da autonomia estadual
Um dos pontos centrais da fala de Caiado foi a defesa da autonomia dos estados no comando das forças de segurança. Ele destacou que a Constituição de 1988 garante essa prerrogativa, e que o modelo atual deveria privilegiar a integração, e não a centralização. “Cada estado tem características específicas. Segurança pública deve respeitar as tradições e estruturas locais”, destacou.
Para justificar sua posição, Caiado citou os resultados alcançados em Goiás desde 2019, quando assumiu o governo. Segundo ele, os índices de criminalidade no estado apresentaram quedas expressivas: homicídios dolosos caíram 55%, roubos a transeuntes 88%, e roubo de veículos, 93%. “A polícia de Goiás é eficiente, responsável e mostra resultado. É só deixar a polícia trabalhar”, enfatizou.
Apoio de outros líderes
O governador do Pará, Helder Barbalho, também participou da audiência e endossou o discurso de Caiado. “O Brasil precisa se unir para enfrentar o crime organizado, isso é urgente”, declarou. Segundo ele, o maior impacto da criminalidade não é apenas financeiro, mas humano: “São milhões de pais e mães que saem para trabalhar com o coração apertado”.
O debate foi solicitado pelo deputado Mendonça Filho (União–PE), relator da proposta. Ele destacou a importância da participação dos governadores, principais responsáveis pela segurança pública nos estados. A deputada Caroline de Toni (PL–SC) e o deputado Pedro Aihara (PRD–MG) também se manifestaram contrários à PEC. “Vamos rejeitar essa proposta inconstitucional que acaba com o pacto federativo”, disse Caroline.