Durante fórum em Brasília, governador de Goiás afirma que mudanças propostas concentram poder e ignoram desigualdades regionais
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, voltou a criticar a Reforma Tributária, afirmando que as mudanças propostas desorganizam o setor produtivo e podem comprometer a realidade socioeconômica de milhões de brasileiros. “Vai desestruturar o Brasil real. Vamos concentrar o Brasil inteiro só nos estados com maior renda per capita e mais industrializados, com maior poder de consumo”, afirmou nesta terça-feira (10), durante palestra na 5ª edição do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (FCNA), promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em Brasília.
Durante o painel “Redução de Custos e Reforma Tributária”, Caiado alertou para os impactos negativos da proposta, destacando que ela ignora as realidades regionais, cria insegurança jurídica e torna estados e municípios dependentes de repasses federais incertos. “Aqui quem manda é só o governo federal. E o resto cumpre ordem?”, questionou. “Nós somos um país com entes federados. Como tal, temos direitos concorrentes”, completou.
O governador também criticou a condução do debate em torno da reforma. “É uma farsa. É concentrar poder. É para isso que a população precisa acordar”, disse, acrescentando que os idealizadores da proposta não têm experiência prática. “Modelo de economista é como o de um cirurgião que nunca operou. A vida real está no caixa do supermercado”, ironizou, ao defender a simplificação do ICMS como alternativa mais viável.
Caiado também defendeu os estados na discussão sobre isenções fiscais. “Não podem rotular os governadores como contrários à redução de tributos”, afirmou, atribuindo à União a responsabilidade pelos altos preços da cesta básica. “O que se pede é responsabilidade. O governo federal é o responsável por essa carga tributária que atingiu 32,32% em 2024. É um governo gastador, irresponsável e corrupto.”
Em contraponto, destacou os resultados de sua gestão em Goiás. “Somos um estado equilibrado, que paga em dia, investe onde o cidadão precisa e tem responsabilidade fiscal”, disse, ressaltando os avanços em áreas como educação, segurança pública, transparência e liquidez.