Caderneta de poupança passa a render menos

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A redução de 1% da Taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), que iria a 8,25%, deve ser anunciada na próxima semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Isso aponta para um futuro agridoce, com juros menores para empréstimos e linhas de crédito, mas queda de rendimento nas aplicações em poupanças.

No cenário atual, o investimento em poupança rende 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), o equivalente a 6,17% ao ano. Devido a uma regra aprovada em maio de 2012, porém, esses rendimentos serão limitados a 70% da Taxa Selic toda vez que ela alcança 8,5%, atingindo, no máximo, 5,77% ao ano.

“A poupança já é uma opção vantajosa, mas com a Selic muito baixa, ficaria ainda mais”, explica o membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), José Luiz Pagnussat. “Isso criaria uma corrida de migração das aplicações dos fundos, como Tesouro Direto, para poupança e provocaria desequilíbrio na economia”, acredita.

Ele explica que o investimento nos fundos do governo ajudam a rolar a dívida pública, portanto não é interessante para o Planalto a poupança se tornar tão atrativa. A medida, no entanto, só é válida para aplicações feitas após maio de 2012.

Reduções à vista

Se por um lado a poupança pode não render tanto, por outro o consumidor pode esperar por boas notícias de instituições financeiras e até estabelecimentos comerciais. O Santander, por exemplo, antecipou-se à reunião do Copom e , desde a última segunda-feira, anunciou cortes nas taxas de juros das linhas de crédito a pessoa física.

“Neste momento, em que vemos os primeiros sinais de retomada do crescimento, o banco precisa cumprir seu papel como agente indutor do desenvolvimento econômico. Uma oferta competitiva é parte disso”, diz Eduardo Jurcevic, superintendente de Produtos de Crédito à Pessoa Física do Santander. Outros como Banco do Brasil e Itaú já promoveram cortes ao longo do ano, em virtude de outras decisões do Copom, e a tendência é que façam isso novamente tão logo a nova Selic seja definida.

Cuidado maior ao fazer as compras parceladas

A secretária executiva Joyce Regina de Araújo, 32 anos, detém outro tipo de cartão, o de lojas de departamentos. Ela utiliza o serviço para facilitar o parcelamento sem juros de compras, mas alerta para os perigos desse tipo de despesa. “Tento não parcelar em mais de cinco vezes. Uma vez parcelei em oito e não compensou, foram juros sobre juros”, reclama. Para esses cartões, a expectativa é também de redução de tarifas.

“Em tese, quando cai a Selic, que é a taxa básica de juros da economia, caem os juros desse tipo de crédito”, afirma o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. “O banco vai pagar menos para o investidor, mas, em contrapartida, permite a ele cobrar menos dos empréstimos tomados, por exemplo”, explica.

As lojas de departamento, portanto, poderiam praticar tarifas menores pois fazem associações com instituições para oferecer seus cartões e linhas de crédito. Logo, a lógica aplicada aos bancos seria a mesma a elas. A servidora pública Tânia Silva, 54 anos, no entanto, desconfia disso.

“Há quase cinco anos eu quitei meus débitos e me livrei desses cartões”, desabafa a mulher. Ela admite ter se endividado com os juros e não acredita que exista maneira saudável de usar os supostos benefícios oferecidos pelos estabelecimentos. “Vira sempre uma bola de neve. Eu me via como uma compulsiva quando tinha o cartão. Só percebi a gravidade quando perdi o emprego e precisei pagar as contas”, confessa.

O cenário da próxima semana deve favorecer quem não tem medo de contrair esse tipo de dívida, mas desanimar os aplicadores em poupança. Mesmo assim, os especialistas asseguram ser a melhor forma de render dinheiro de maneira segura e gradual.

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