Rui Costa compara família Bolsonaro a “sequestradores” e Flávio acusa ministro de amadorismo e desvio de foco
A polarização entre esquerda e direita mais uma vez domina o debate político brasileiro, agora em torno da crise gerada pela imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O embate, marcado por trocas de acusações entre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), expõe os efeitos colaterais da disputa ideológica no cenário internacional e seus reflexos sobre a economia nacional.
Durante agenda neste domingo (13), na Bahia, Rui Costa afirmou que os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) agem como “sequestradores” ao lidarem com a questão tarifária, comparando vídeos publicados por eles a “filmes de sequestro”. Para o ministro, a postura da família Bolsonaro contribui para o agravamento do problema diplomático com os Estados Unidos.
“Eu vi os vídeos dos filhos dele. Parece aqueles vídeos de filmes de sequestradores”, disse Costa. “Agora a gente está vendo coisa até pior, uma postura de sequestrador por parte da família deles”, declarou.
Em resposta, Flávio Bolsonaro concedeu entrevista à CNN Brasil também neste domingo, na qual acusou Rui Costa de “amadorismo” e de estar mais preocupado em culpar adversários políticos do que em enfrentar a crise internacional. Segundo o senador, a gestão petista falhou na condução da política externa, o que teria contribuído para a decisão de Trump.
“Prefere ver o Brasil ser taxado em 200% do que sentar como adulto na sala”, afirmou Flávio. “Fico impressionado com o amadorismo de Rui Costa. Está mais preocupado em culpar alguém do que resolver a grave situação que o Brasil se encontra, em parte por causa da catastrófica política externa de Lula”, completou.
Flávio Bolsonaro também voltou a defender a aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, alegando que isso seria fundamental para evitar a entrada em vigor das tarifas no dia 1º de agosto. Ele apelou inclusive aos parlamentares do Partido dos Trabalhadores para que votem a favor da medida.
“Espero contar com os votos do PT no Congresso para aprovar, o mais rápido possível, a anistia ampla, geral e irrestrita. Esse é o primeiro passo para a taxação de 50% não entrar em vigor já agora no dia 1º de agosto. Quem for contra a anistia, é contra o Brasil”, afirmou o senador.
O episódio evidencia como o confronto ideológico tem obscurecido o debate racional sobre interesses comerciais e diplomáticos do país. Enquanto o Brasil tenta lidar com os impactos diretos do novo pacote tarifário norte-americano, os embates políticos internos revelam uma preocupante falta de unidade estratégica no enfrentamento da crise.