Briga de cornos

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Por Miguel Lucena

As discussões políticas de hoje lembram muito a briga que houve certa vez em Princesa, bem em frente à padaria de Dona Neves. Dois cabras se pegaram, aos gritos, não por amor ferido, mas para decidir quem tinha o chifre maior. Um dizia que o dele reluzia no sol do meio-dia. O outro, que o dele fazia sombra no curral inteiro. A plateia, empolgada, não queria saber de reconciliação — queria era ver quem tinha sido mais humilhado com elegância.

É o mesmo espírito que move as redes sociais hoje. O povo não discute projeto, proposta ou futuro. Discute desvio, rachadinha, offshore, mala, cartão corporativo e cueca recheada. Mas não para resolver nada. O objetivo é apenas provar que o líder adversário é mais ladrão que o seu, ou pelo menos mais burro na hora de roubar.

Como na briga de cornos, ninguém se pergunta se ter chifre já não basta. Se ser roubado não deveria ser ofensa suficiente, independentemente do autor. A dúvida principal, que é saber se ser mais ou menos corno muda alguma coisa, continua sem resposta.

Enquanto isso, Dona Neves segue vendendo pão e espiando pela vitrine, talvez pensando que, no fundo, todo eleitor é um corno feliz: só quer amar em paz, mesmo sabendo que está sendo passado pra trás.

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