BRB adquire 58% do Banco Master em movimento estratégico de expansão
O presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, concedeu entrevista ao jornal Estadão para esclarecer a aquisição de 58% do Banco Master, anunciada na última sexta-feira (28). Costa negou qualquer interferência política na operação e destacou que a decisão foi baseada em critérios técnicos e estratégicos para a expansão da instituição.
Segundo o executivo, o BRB iniciou a compra de carteiras do Banco Master em meados de 2024 e identificou sinergias relevantes com os segmentos de cartão de crédito consignado, mercado corporativo, serviços de mercado de capitais, câmbio e banco digital. “Nosso objetivo é fortalecer a atuação do BRB em novos mercados e consolidar sua presença no sistema financeiro nacional”, afirmou Costa.
Seleção estratégica de ativos
O acordo exclui R$ 23 bilhões em ativos do Banco Master, como carteiras de precatórios, direitos creditórios, ações judiciais e fundos de investimento em ações. O BRB optou por segmentos alinhados ao seu perfil de risco e potencial de rentabilidade, visando ampliar sua competitividade. “Foram adquiridos ativos que agregam valor ao nosso portfólio e que têm relação com a nossa estratégia de crescimento”, explicou Costa.
O presidente do BRB também ressaltou que a operação passou por uma rigorosa diligência conduzida por consultorias especializadas, como PwC e Lefosse. “Analisamos aspectos fiscais, contábeis, trabalhistas, operacionais, de tecnologia e cibersegurança para garantir que a transação fosse estruturada com solidez e segurança”, afirmou.
Critérios para a escolha do Banco Master

A busca por parceiros estratégicos começou em 2021, com negociações avançadas com outras instituições financeiras. Em 2022, o BRB chegou a fazer uma oferta para adquirir 25% do Banese (Banco do Estado de Sergipe), mas a transação foi interrompida por mudanças no governo estadual.
O Banco Master se tornou uma alternativa viável devido à sua forte atuação em crédito consignado para servidores, um segmento de baixo risco e alta rentabilidade. Desde agosto de 2023, o BRB adquiriu sucessivas carteiras do Master, aprofundando o conhecimento sobre suas operações e identificando oportunidades de parceria.
Governança e próximos passos

Com a aquisição, o BRB assume 58% do Banco Master, sendo 49% em ações ordinárias e 100% das ações preferenciais. A governança da instituição será compartilhada, com o BRB indicando a maioria dos membros dos conselhos e diretoria. O atual presidente do Master, Daniel Vorcaro, deixará o cargo executivo e passará a integrar o conselho de administração.
A conclusão da operação depende da aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa do BRB é que o Cade avalie rapidamente o processo, enquanto a análise pelo Banco Central deve seguir um trâmite detalhado, sem prazo específico para finalização.
O pagamento da aquisição será dividido em etapas: 50% à vista no fechamento da transação, até 25% retidos em uma conta garantia (escrow account) por seis anos para cobrir eventuais passivos e o saldo remanescente pago em até dois anos. “Estruturamos um modelo financeiro sólido para garantir a sustentabilidade da operação e a segurança dos acionistas”, concluiu Costa.
A compra do Banco Master reforça a estratégia de crescimento do BRB e posiciona a instituição como um dos principais bancos públicos do país, ampliando sua atuação para além do Distrito Federal.
Fonte: Estadão
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