Por Carlos Arouck
Um recente estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) trouxe um alerta preocupante: o Brasil está empobrecendo. Com um PIB per capita abaixo da média mundial, o país enfrenta um cenário de estagnação econômica que exige atenção urgente. Enquanto debates cruciais sobre o futuro da nação são ofuscados por polêmicas e divisões ideológicas, as soluções para reverter essa trajetória negativa seguem longe das políticas de governo.
De acordo com o FMI, o PIB per capita brasileiro indicador que reflete a riqueza média por habitante está aquém do esperado para um país com o potencial do Brasil. Em 2024, o valor estimado foi de aproximadamente US$ 8.900, contra uma média global de US$ 13.700. Isso coloca o Brasil atrás de nações como México (US$ 13.300) e até mesmo da África do Sul (US$ 10.200), evidenciando um retrocesso no cenário internacional. A estagnação não é novidade. Desde a década de 1980, o crescimento econômico brasileiro tem sido sem estratégia, com períodos de recuperação insuficientes para compensar crises recorrentes.
O governo federal, que deveria liderar a formulação de políticas públicas para reverter esse quadro, parece preso a velhas fórmulas. Especialistas apontam que o fortalecimento da iniciativa privada, o investimento massivo em educação e a melhoria da competitividade econômica são caminhos indispensáveis. No entanto, o que se observa é um cenário de polarização ideológica, ineficiência administrativa e discursos inflamados que pouco contribuem para soluções concretas.
A iniciativa privada, por exemplo, enfrenta barreiras como alta carga tributária, burocracia excessiva e insegurança jurídica fatores que desestimulam investimentos e inovação. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o Brasil ocupa a 124ª posição no ranking global de facilidade de fazer negócios, atrás de países como Ruanda e Vietnã. Essa falta de competitividade se reflete na baixa produtividade: segundo o Conference Board, a produtividade por trabalhador no Brasil é cerca de 25% da registrada nos Estados Unidos.
Na educação, o panorama é igualmente alarmante. O país investe cerca de 6% do PIB na área, um percentual razoável, mas a má gestão dos recursos e a falta de foco na qualidade comprometem os resultados. No último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o Brasil não atingiu as metas estabelecidas para o ensino médio. O desempenho em avaliações internacionais, como o PISA, permanece estagnado, com o país ocupando a 57ª posição entre 79 participantes.
Enquanto isso, o debate público segue dominado por “cortinas de fumaça”: polêmicas artificiais que desviam a atenção dos problemas estruturais. A polarização ideológica, alimentada por discursos populistas, tem dificultado a construção de consensos em torno de reformas essenciais, como a tributária e a trabalhista. Além disso, a gestão pública enfrenta críticas por ineficiência e casos recorrentes de corrupção, que minam a confiança da população. No cenário internacional, declarações controversas e posturas conflituosas em fóruns globais têm prejudicado a imagem do Brasil como destino de investimentos.
Apesar do quadro desafiador, especialistas afirmam que ainda há tempo para mudar a rota. A chave está na adoção de uma postura pragmática, com foco em resultados concretos. Reformas que simplifiquem o sistema tributário, incentivem o empreendedorismo e melhorem a infraestrutura são passos fundamentais. Na educação, é crucial priorizar a formação de professores e a modernização curricular, alinhando o ensino às demandas do mercado de trabalho do século XXI.
A sociedade civil também tem um papel fundamental. A pressão por accountability (reconhecer e aceitar as consequências de ações e decisões) e a participação ativa no debate público podem forçar as lideranças políticas a abandonarem a retórica vazia e enfrentarem os desafios com seriedade. Como destacou o economista Eduardo Giannetti, “o Brasil não é pobre por falta de recursos, mas por falta de escolhas acertadas”.
O estudo do FMI serve como um chamado à ação. Ignorar a realidade só aprofundará o empobrecimento do país. É hora de deixar as ilusões para trás e enfrentar os grandes debates com coragem, pragmatismo e visão de futuro. O Brasil merece mais.
Nota: Os dados mencionados foram baseados em estimativas e relatórios recentes de instituições como FMI, CNI e OCDE, adaptados para o contexto do texto.