Brasil: Contrastes cruéis entre fome e financiamento de campanha

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Foto: Divulgação Internet

Enquanto 33 milhões sofrem com a fome no Brasil, partidos políticos receberão R$ 4,9 bilhões para campanhas eleitorais. Entenda o contraste alarmante entre a crise alimentar e os recursos destinados à política

 

Por Josiel Ferreira

Em 1993, a mobilização liderada por Betinho buscou resgatar 32 milhões de brasileiros da fome, um esforço que simbolizou a esperança e a solidariedade nacional. Hoje, mais de três décadas depois, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 revela um cenário alarmante: 33 milhões de pessoas no Brasil estão famintas. A situação é ainda mais sombria entre aqueles que trabalham na agricultura, em famílias que vivem com salário mínimo, e em lares com crianças pequenas, onde a vulnerabilidade é crítica.

 

Cenário atual de fome e pobreza

Foto; Divulgação

A realidade é devastadora. Quem planta, muitas vezes, não tem o suficiente para alimentar sua própria família. Trabalhadores que ganham um salário mínimo enfrentam dificuldades extremas para garantir uma alimentação adequada. Famílias com crianças menores de 10 anos são especialmente afetadas, agravando o ciclo de pobreza e fome que corrói o tecido social do país.

 

Prioridades do congresso

 

Enquanto isso, os representantes do Congresso Nacional parecem alheios à tragédia que aflige milhões de brasileiros. Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou que os partidos políticos receberão R$ 4,9 bilhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as eleições municipais de outubro. Esta soma colossal, destinada a financiar campanhas eleitorais, contrasta de forma chocante com a miséria e a fome que assolam o país.

 

Os maiores beneficiários serão o PL, o PT e o União Brasil, enquanto partidos menores, como Agir, DC, PCB, PCO, PSTU e UP, receberão as menores parcelas. A distribuição dos recursos é regulamentada pela Lei das Eleições, levando em consideração critérios como o desempenho eleitoral e o tamanho das bancadas no Congresso.

Histórico do Fundo Eleitoral

 

O Fundo Eleitoral, criado em 2017 após a proibição do financiamento de campanhas por empresas privadas pelo Supremo Tribunal Federal em 2015, visa substituir o financiamento privado e garantir a equidade nas disputas eleitorais. Além do FEFC, os partidos políticos também dispõem do Fundo Partidário, que é distribuído anualmente para sustentar as atividades administrativas.

 

Crítica e reflexão

 

A alocação de bilhões de reais para campanhas eleitorais em um momento em que milhões de brasileiros enfrentam a fome levanta questões sobre as prioridades nacionais. A discrepância entre a necessidade urgente de aliviar a insegurança alimentar e o financiamento generoso para campanhas eleitorais reflete uma desconexão preocupante entre os políticos e a realidade vivida por muitos cidadãos.

 

É imperativo que a sociedade civil e as instituições demandem maior responsabilidade e sensibilidade dos líderes políticos. O Brasil precisa urgentemente de soluções que abordem as necessidades básicas de sua população, garantindo que cada pessoa tenha acesso a alimentação suficiente e nutritiva. A fome e a pobreza não podem continuar sendo ignoradas em prol de interesses políticos e eleitorais.

 

Distribuição dos Recursos do FEFC


Aqui está a distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para os partidos que disputarão as eleições de 2024:

PL: Maior beneficiário
PT: Segundo maior
União Brasil: Terceiro maior
Demais partidos (Agir, DC, PCB, PCO, PSTU, UP): Receberão os menores valores
Esta distribuição reflete um sistema que favorece os grandes partidos, perpetuando uma dinâmica de poder que muitas vezes se distancia das necessidades urgentes da população.

  • PL – R$ 886.839.487,85;
  • PT – R$ 619.859.348,70;
  • União Brasil – R$ 536.557.338,93;
  • PSD – R$ 420.971.570,08;
  • PP – R$ 417.291.696,27;
  • MDB – R$ 404.603.269,54;
  • Republicanos – R$ 343.901.521,34;
  • Pode – R$ 236.660.900,06;
  • PDT – R$ 173.962.508,38;
  • PSDB – R$ 147.950.332,67;
  • PSB – R$ 147.637.680,85;
  • PSOL – R$ 126.893.829,69;
  • Solidariedade – R$ 88.586.729,91;
  • Avante – R$72.585.298,78;
  • PRD – R$ 71.877.097,90;
  • Cidadania – R$ 60.257.867,86;
  • PCdoB – R$ 55.972.943,54;
  • PV – R$ 45.280.538,99;
  • NOVO – R$ 37.133.690,61;
  • REDE – R$ 35.900.485,05;
  • Agir – R$ 3.421.737,78;
  • DC – R$ 3.421.737,78;
  • Mobiliza – R$ 3.421.737,78;
  • PCB – R$ 3.421.737,78;
  • PCO – R$ 3.421.737,78;
  • PMB – R$ 3.421.737,78;
  • PRTB – R$ 3.421.737,78;
  • PSTU – R$ 3.421.737,78;
  • UP – R$ 3.421.737,78.

Em um país onde a fome e a insegurança alimentar estão em níveis alarmantes, é crucial reavaliar como os recursos são alocados e priorizar políticas que realmente atendam às necessidades fundamentais da sociedade.

 

 

Com informações Agência Brasil

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