Bolsonaro está mais longe do Patriota e a busca por legenda continua

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O presidente afastado do Patriota, Adilson Barroso, não vê o presidente Jair Bolsonaro filiado à legenda para disputar as eleições em 2022. Ou seja, procura-se um partido para o chefe do Executivo, até o momento. O próprio presidente sinalizou que não vai para o Patriota, apesar de 01, Flávio Bolsonaro, ter-se filiado à agremiação

 

“O presidente não tem muito tempo a perder e já deve estar tomando providências para ir para outro partido, né? Por enquanto a conversa está encerrada”, disse ele ao site Metrópoles.

Após a tentativa da família Bolsonaro aportar no partido para chamar de seu o caso foi parar na polícia e na Justiça.

O imbróglio Patriota

Barroso era o presidente do partido e principal entusiasta da filiação de Jair Bolsonaro. É ele quem estava negociando, há meses, com o senador Flávio Bolsonaro, que se filiou à legenda, e o advogado Admar Gonzaga, ex-ministro do TSE e interlocutor jurídico do presidente da República, a entrega do partido para a família Bolsonaro.

Ovasco Resende é o vice-presidente. Ele, o secretário-geral do Patriota, Jorcelino Braga, e uma ala considerável do partido não concordaram com a forma com que Adilson conduziu as conversas com Bolsonaro.

Na manhã de quinta-feira (24), Ovasco realizou uma convenção para tentar desfazer decisões tomadas em duas convenções recentes conduzidas por Adilson, nas quais se mudou o estatuto do partido para abrigar a família do presidente da República.

Durante a última convenção, organizada pelo grupo de Ovasco, essa ala do partido decidiu afastar Adilson Barroso do cargo de presidente da sigla pelo prazo de 90 dias, como registramos. À noite, Flávio Bolsonaro divulgou nota na qual dizia que o Patriota tinha dado “tiro na cabeça”.

Áudios da discórdia

Na mesma semana antes da convenção, Ovasco recebeu em seu celular áudio de quase quatro minutos gravado por Adilson. Mesclando ironia, indignação e agressividade, Adilson faz uma série de ameaças ao seu principal inimigo dentro do partido.

“Eu estou sabendo aí, me falaram, que vocês vai fazer (sic) uma convenção. Eu não entendo. Aqui eu faço a convenção perfeitamente estatutária. Vocês estão fazendo uma convenção que não tem pé nem cabeça, inclusive para expor o meu nome”, começa Adilson.

Em seguida, começam as ameaças:

“Eu queria dizer para você que eu, até hoje, não mexi na tua vida particular, principalmente de uns 20 anos para cá ou 30 [anos], né? Eu nunca mexi: nem na sua, nem em parente [seu]. Então, eu queria que você fizesse assim comigo também: não expusesse meu nome nesta maldita ata.”

Adilson continua:

“Você escolheu esse caminho. E ainda quero dizer a você: eu estou aberto para acordo, para um acordo enquanto há tempo. Depois que me expor, aí, meu amigo, eu quero dizer para você: eu sei quanto você paga de contabilidade, quem é que anda fazendo; eu sei de salário que recebe de uma coisa, de um outro e do outro; eu sei o tanto de pesquisa feita sem a utilidade da fundação, eu sei dos trâmites. Eu não quero pôr Polícia Federal nem colocar em ata minha qualquer coisa com o seu nome, qualquer coisa com o nome de família sua.”

A gravação prossegue com Adilson dizendo que acionará a Polícia Federal.

“Então, eu quero pedir para você: aja comigo como eu ajo com você, porque se você colocar em ata aí algo, qualquer coisa que me denigra, você pode ter certeza de que a Polícia Federal vai rasgar, vai rasgar aí, pesado mesmo, de cabo a rabo. E eu duvido que alguém ache coisa contra eu (sic), porque é tudo mentira.”

Ameaça de explosão

Na sequência, Adilson ameaça “explodir o próprio Fred”. Trata-se de Fred Costa, deputado federal que lidera a bancada do partido na Câmara, com somente seis representantes. Adilson sugere ter informações sobre o que seria um suposto esquema de rachadinha envolvendo o líder partidário.

“Inclusive, eu já mandei mensagem para ele [para o Fred], avisando ele (sic) do que está acontecendo com os cargos dele lá, que estão sendo repartidos: manda tanto para a conta de fulano, tanto para a conta de fulano… E eu não quero fazer isso com ele, de jeito nenhum. Mas se fizer comigo, Ovasco, na segunda-feira ou na terça pode ser que eu já estou aí (sic) na Polícia Federal e vou mostrar quem é criminosos (sic) dentro do partido. E quero que rastreie a minha vida de cabo a rabo, porque até aqui me trouxe o Senhor, até aqui me trouxe Deus.”

Adilson diz mais:

“Então, meu amigo, está fazendo convenção… Não me exponha aí, porque, se me expor, eu nem vou falar amanhã, mas segunda ou terça a Polícia Federal está batendo na porta (sic), porque eu sei de mais do que eu estou te falando, mas eu não quero de maneira nenhuma falar aqui na mensagem. Eu sei e você vai ver. Se vocês entrarem na rota diferente, na rota diferente eu entro. Porque eu sou soldado de guerra, até aqui me trouxe Deus. Não tenho medo, porque não fiz nada e não faço nada errado. Então, meu amigo, se é paz, é paz; se é guerra, é guerra. O Fred sabe disso, sabe do que eu estou falando sobre ele também.”

Com ironia, Adilson ainda manda um abraço e deseja a Ovasco “tudo de bom para você”.

O pano de fundo de toda essa história era a busca de Jair Bolsonaro por um partido com “porteira fechada”,  depois da fracassada tentativa de criar a Aliança pelo Brasil.

No fim de 2017, o então deputado Jair Bolsonaro chegou a assinar a ficha de filiação ao Patriota, mas acabou selando uma aliança com o PSL, partido pelo qual seria eleito presidente da República no ano seguinte. Em fevereiro, Adilson Barroso deu uma entrevista a este site sobre o assunto.

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