Juíza condena Bolsonaro a indenizar Patrícia Campos Mello por ataque machista
‘Ela queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim’, disse o presidente, disseminando fake news contra a repórter.
A juíza Inah de Lemos e Silva Machado, da 19ª Vara do Foro Central Cível de São Paulo, condenou nesta sexta-feira 26 o presidente Jair Bolsonaro a indenizar a jornalista Patrícia Campos Mello, repórter do jornal Folha de S.Paulo, por ofendê-la com decdeclarações machistas em 2018.
Pela decisão da 1ª instância, contra a qual cabe recurso, Bolsonaro terá de desembolsar R$ 20 mil.
No final de 2018, Campos Mello publicou uma reportagem sobre um esquema irregular de disparo de mensagens por WhatsApp nas eleições daquele ano que teria beneficiado o então candidato à Presidência pelo PSL. Em fevereiro de 2020, durante coletiva de imprensa Bolsonaro atacou diretamente a profissional.
A publicação da matéria por Campos Mello em 2018 mostrou um esquema que funcionava a partir do uso fraudulento de nomes e CPFs de idosos registrados em chips de celulares. A apuração teve como base documentos e relatos obtidos com Hans River, ex-funcionário da Yacows, empresa especializada em marketing digital e acusada de envolvimento no esquema. Posteriormente, River mentiu em depoimento à Comissão Parlamenta de Inquérito das Fake News.
“Ela [Campos Mello] queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim. Lá em 2018, ele [Hans] já dizia que ele chegava e ia perguntando: ‘O Bolsonaro pagou para você divulgar pelo Whatsapp informações?’. E outra: se você fez fake new.
contra o PT, menos com menos dá mais na matemática. Se eu for mentir contra o PT, eu estou falando bem, porque o PT só fez besteira”.
River acusou sem qualquer evidência a jornalista de ter se insinuado a ele sexualmente para obter informações sobre a Yacows. As declarações foram desmentidas pelo jornal com base em mensagens de texto e de áudio.