Bolsonarismo, Direitismo, Esquerdismo, Lulismo, Petismo, Fisiologismo, Negacionismo, Centrão e o Brasil? Rumo ao Brejismo?

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Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

 

Vou iniciar o meu texto dizendo que votei e trabalhei por Jair Bolsonaro em 2018. Para muitos, sou um dos culpados pelas mazelas atuais no país. Para outros, faço parte de um “exército pronto” para combater o mal e que quer, a qualquer custo, tomar o Brasil. No final, sou nem-nem: nem um, nem outro. Sou apenas um cidadão que, similar a outros milhões de brasileiros, se preocupa apenas com os boletos ao final do mês, e que vê, atualmente, a política arrasar com a esperança dos cidadãos comuns, principalmente das classes trabalhadoras, que perdem a cada dia a sua dignidade e qualidade de vida.

 

Nosso momento é único no Brasil atual (2021). A imagem desgastada de nossas maiores instituições, algumas ícones do respeito pela população, supera qualquer mensuração de anos anteriores. Estamos na pior fase da nossa democracia após a redemocratização (1985). Diga-se de passagem, desgastes causados pelas pessoas que estão à frente de nossas instituições. Velhas práticas políticas, politicagem e fisiologismo ao extremo. Me pergunto: como pessoas, de todos os poderes, tão despreparadas podem gerir a vida de milhões de brasileiros?

 

Enfim, vamos retornar no tempo, ao ano de 2018, quando Jair Bolsonaro, então candidato à Presidência da República, registrou o seu Plano de Governo, com algumas promessas que foram fundamentais para que o eleitorado optasse por ele. Selecionei 10 delas, que na minha opinião, estariam entre as principais para o país naquele momento e, fundamentalmente, hoje. São elas:

 

Fim da reeleição para presidente da república e redução do número de parlamentares.

 

“Pretendo fazer, vou conversar com o Parlamento também, é ter uma excelente reforma política. Você acabar com o instituto da reeleição. No caso, começa comigo se eu for eleito. E diminuir um pouco em 15, 20% a quantidade de parlamentares” (Jair Bolsonaro em outubro de 2018).

 

No máximo 15 ministérios.

 

“Nós temos tudo para ganhar no primeiro turno e ganharíamos três semanas para montar um ministério enxuto, com no máximo 15 ministros, que possa representar os interesses da população, não de partidos” (Jair Bolsonaro em outubro de 2018).

 

Fim das indicações políticas e a escolha dos ministros de estado por critérios técnicos.

 

“O fim da impunidade é uma das frentes que estanca o problema, outra é atacar a corrupção na sua raiz, pondo fim nas indicações políticas do governo em troca de apoio” (Jair Bolsonaro em setembro de 2018).

 

“Não vai ter mais indicação para BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste com esse critério, a indicação de um amigo para que use essas instituições em causas próprias” (Jair Bolsonaro em setembro de 2018).

 

 

“Assim como na Defesa vai ter um oficial quatro estrelas, no Itamaraty, alguém do Itamaraty, na Agricultura, alguém que venha indicado pelo setor produtivo, com a educação, não é diferente. A gente está escolhendo por critérios técnicos, né? Competência, autoridade, patriotismo e iniciativa” (Jair Bolsonaro em setembro de 2018).

 

Desoneração da folha de pagamento.

 

“A ideia da nossa equipe econômica é desonerar a folha de pagamento e diminuir a carga tributária também, porque ninguém aguenta mais pagar impostos. Quando fala em desoneração fiscal, muitas vezes você tem que dar, porque senão o cara vai quebrar. A ideia é diminuir a carga tributária de forma abrangente, e não apenas para um setor da sociedade.”  (Jair Bolsonaro em agosto de 2018).

 

Redução da carga tributária bruta.

 

Gradativa redução da carga tributária bruta brasileira, paralelamente ao espaço criado por controle de gastos e programas de desburocratização e privatização. (Plano de Governo de Jair Bolsonaro).

 

Tributos federais unificados.

 

Simplificação e unificação de tributos federais, eliminando distorções e aumentando a eficiência da arrecadação. (Plano de Governo de Jair Bolsonaro).

 

Alíquota única de 20% no IR com isenção até 5 salários mínimos.

 

“A proposta do Paulo Guedes do Imposto de Renda, eu até falei: ‘Você está sendo ousado’. A proposta dele é o seguinte: quem ganha até cinco salários mínimos não paga imposto de renda. E, dali para frente, uma alíquota única de 20%” (Jair Bolsonaro em setembro de 2018).

 

Prontuário Eletrônico Nacional Interligado.

 

O Prontuário Eletrônico Nacional Interligado será o pilar de uma saúde na base informatizada e perto de casa. Os postos, ambulatórios e hospitais devem ser informatizados com todos os dados do atendimento, além de registrar o grau de satisfação do paciente ou do responsável. (Plano de Governo de Jair Bolsonaro).

 

Bolsonaro tinha em 2018 o ambiente ideal para se eleger e para promover as mudanças necessárias para o país. A “velha política” praticada pelos “velhos políticos” estava desgastada, sem forças para reagir. Partidos políticos ditos tradicionais, como o PP, MDB, PT, DEM e PSDB, citados no “Mensalão”, “Mensalão do DEM”, “Mensalão Tucano”, “Lava Jato” e outros processos, credenciaram Bolsonaro como aquele que iria acabar com a corrupção no Brasil. Como diz o ditado popular: Bolsonaro estava com a faca e o queijo na mão, e para isso, bastava cumprir com as promessas de campanha.

 

Passados 2 anos e 7 meses de governo, o que vemos é um cenário completamente oposto ao prometido. Altos índices de desemprego e inflação; instabilidade social, política e institucional; corrupção, miséria e violência em ascensão; uma CPI avançando a passos largos; e, o pior para um político, baixa popularidade, com tendência de quedas ainda maiores; tudo isso causado, inicialmente, por descumprimento das promessas de campanha, fisiologismo e, até o momento, o pior “plano de comunicação” já realizado por um político de expressão nacional.

 

Segundo pesquisa do instituto Atlas, de hoje (01), Jair Bolsonaro (sem partido) continua em queda, recentemente acentuada pelo “eu sou Centrão”, pela nomeação de Ciro Nogueira (PP), pelo fracasso em suas lives e pela insistente negação, agora, do processo eleitoral.

 

Vejamos alguns resultados da pesquisa:

 

Você aprova ou desaprova o desempenho do presidente Jair Bolsonaro? 61,7% desaprovam; 34,4% aprovam; e 3,8% não sabem responder.

 

Como você avalia o governo do presidente Jair Bolsonaro? 58,2% ruim ou péssimo;  25,6% ótimo ou bom; e 15,6% regular.

 

Você é contra ou a favor do impeachment do Presidente Jair Bolsonaro? 54,3% a favor; 41% contra; e 4,7% não sabem responder.

 

Você tem uma imagem positiva ou negativa de Jair Bolsonaro? 61,9% negativa; 36,1% positiva; e 2% não sabem responder.

 

Você tem uma imagem positiva ou negativa de Paulo Guedes? 55,8% negativa; 28,7% positiva; e 15,5% não sabem responder.

 

Você tem uma imagem positiva ou negativa do PT? 59,9% negativa; 31,7% positiva; e 8,4% não sabem responder.

 

Você tem uma imagem positiva ou negativa do MDB? 62,1% negativa; 6,9% positiva; e 31% não sabem responder.

 

Você tem uma imagem positiva ou negativa do PSDB? 63,6% negativa; 11,2% positiva; e 25,2% não sabem responder.

 

Você tem uma imagem positiva ou negativa do DEM? 52,6% negativa; 9,1% positiva; e 38,3% não sabem responder.

 

Você tem uma imagem positiva ou negativa do PP? 63,2% negativa; 8,7% positiva; e 28,1% não sabem responder.

 

Você se identifica como petista, antipetista, ou nem petista nem antipetista? 52,9% nem petista, nem antipetista; 27,8% antipetista; 15,2% petista; e 4,1% não sabem responder.

 

Você se identifica como bolsonarista, antibolsonarista, ou nem bolsonarista nem antibolsonarista? 32,8% nem bolsonarista, nem antibolsonarista; 46,7% antibolsonarista; 18,2% bolsonarista; e 2,3% não sabem responder.

 

Na sua opinião, a criminalidade está aumentando ou diminuindo no Brasil? 60,8% aumentando; 17,6% nem aumentando, nem diminuindo; 17% diminuindo; e 4,6% não sabem responder.

 

Na sua opinião, a corrupção está aumentando ou diminuindo no Brasil? 55,7% aumentando; 14% nem aumentando, nem diminuindo; 26,8% diminuindo; e 3,5% não sabem responder.

 

Você é contra ou a favor da instalação de uma ditadura militar no Brasil? 80,8% contra;  9,5% a favor; e 9,7% não sabem responder.

 

Você é contra ou a favor da ampliação da autorização para porte de armas no país? 59% contra; 30,8% a favor; e 10,2% não sabem responder.

 

Não adianta contestar as evidências, Bolsonaro errou, e muito. Os números não mentem e, além dos resultados acima, as eleições municipais de 2020 demonstraram a insatisfação do eleitorado com os discursos extremistas, sejam eles de esquerda, direita e, principalmente, os petistas e bolsonaristas.

 

É certo que Jair Bolsonaro (sem partido) perdeu a mesma capacidade de tomar decisões de 2019, pois a maioria do eleitorado não aceita a política bolsonarista atual. Entretanto, ainda há tempo para recuperar a sua popularidade e sua capacidade de governar, sem se entregar ao fisiologismo que domina a política brasileira. Para isso, basta agir com bom senso, resgatando parte de suas promessas de campanha. Tarefa difícil? Com certeza, mas não impossível, pois os cenários eleitorais ainda são favoráveis para Jair Bolsonaro (sem partido), apesar dos números atuais.

 

Para os que não sabem o que é fisiologismo, o dicionário brasileiro o define como: conduta ou prática de certos representantes e servidores públicos que visa à satisfação de interesses ou vantagens pessoais ou partidários, em detrimento do bem comum. Ou seja, é certo de que o Brasil não suporta mais a corrupção, a violência, o fisiologismo, a inflação; a alta da gasolina; a alta do gás de cozinha; o bolsonarismo, o petismo, o negacionismo, o extremismo de direita ou esquerda, o lulismo; e quaisquer outros ismos que prejudiquem a população brasileira, já sofrida e carente. Lembrando que, em 2022, não serão obras entregues o preponderante para a escolha eleitoral.

 

É hora de sair do brejismo!

 

 

 

Paulo Medeiro é estrategista político, cientista de dados, mestre em Inteligência Artificial; e Pós-graduado em Inteligência de Mercado e Comércio Internacional.

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