O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, que trocou a convocação para convite, encerrou a sessão após ser suspensa, por volta das 15h00, e surpreendeu o depoente.
“Nâo vai desconstruir o trabalho da CPI, se o Brasil está vacinando é porque a CPI trabalhou muito”, e antecipou que Ricardo Barros retornará à comissão. Será como convocado e não mais como convidado para esclarecer a narrativa de colocar a responsabilidade de compra de vacinas atribuída à CPI da Covid. A data da convocação não foi definida pela direção da CPI.
O que incomodou a muitos senadores do G4, que reúne senadores da oposição, foi a colocação do depoente, seguindo o discurso do presidente Jair Bolsonaro, de que fora a CPI que afastou os laboratórios fornecedores de vacina.
Aziz lembrou que o líder do governo advogou o negacionismo, baseado em que caso se imunizasse 60% da população não haveria mais perigo de se infectar. Também defendeu a imunidade de rebanho para crianças para adquirirem imunidade. Aliado a isso, houve outros momentos que ele defende o tratamento precoce, com o uso do vermífuco, Ivermectina, bem como a ineficiência da vacinas.
Segundo o presidente da CPI, a CPI atrapalhou os negócios escusos que a CPI tem provas de que Barros está envolvido. Contratos com a empresa Global.
Global/Precisa
A Global Gestão em Saúde é sócia da Precisa Medicamentos, representante da Baraht Biotech, fabricante da Covaxin e teve problemas para cumprir contrato de fornecimento de medicações, quando Barros era ministro da Saúde do governo Michel Temer.
Barros responsabilizou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo atraso na entrega dos produtos. Segundo ele, a Anvisa negou o cumprimento de duas liminares que determinavam a concessão de licença de importação para os remédios de alto custo.
Segundo o ex-ministro, a licença só foi liberada depois que a Advocacia Geral da União entrou na Justiça e assegurou uma terceira liminar.
Segundo o depoente, a Global fez uma entrega parcial de medicamentos, mas não conseguiu cumprir todo o contrato porque o fabricante, àquela altura, havia proibido a entrega de novos lotes. Em acordo firmado após a saída de Barros, a Global teria devolvido R$ 2,8 milhões ao ministério.
Ameaça da Sanofi
Ricardo Barros afirmou que não tomou medidas contra a Global, por descumprimento do contrato para fornecimento de medicamentos contra doenças raras, por ter deixado o Ministério da Saúde em abril de 2018, para se candidatar a deputado.
Ele acusou a farmacêutica Sanofi de ameaçar todos os seus fornecedores no mundo para que não entregassem o produto à Global. “Se vocês não querem entender como funciona, isso é um mercado selvagem. Selvagem. E é isso que eu enfrentei”, frsiou.
Foi então que o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), questionou o porquê de Ricardo Barros ter autorizado pagamento antecipado de R$ 20 milhões à empresa Global. O fato causou novas discussões e críticas de senadores oposicionistas.
A testemunha esclareceu que a pasta atendeu norma do Tribunal de Contas da União (TCU) que permitia o pagamento antecipado a critério do administrador. Segundo Barros, esse tipo de pagamento era frequente para oferecer agilidade no atendimento a decisões judiciais.
O vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que Barros está envolvido entre outras tentativas de operações de compra e venda de vacinas de laboratórios que não comprovavam segurança na entrega de doses ao Ministério da Saúde. Principalmente, negócios da Global, como intermediária.
Randolfe criticou a presença do filho do presidente da República. “Causa espécie que o senador Flávio Bolsonaro só comparece à CPI quando há depoimento importante para o governo.”