Autismo: os avanços científicos por trás de um grande enigma

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Em 9 de setembro de 1930, nasceu Donald Triplett, no Mississipi, Estados Unidos. Ele foi a primeira pessoa que recebeu o diagnóstico oficial de autismo. O garoto tinha 4 anos quando, em uma carta de 33 páginas, o pai, Beamon, relatava o comportamento peculiar, desconectado dos familiares, com indícios de uma inteligência fora do padrão e alta capacidade de memorização de seu filho ao psiquiatra Leo Kanner, chefe do departamento de psiquiatria infantil do Hospital Johns Hopkins, um dos mais respeitados especialistas daquele tempo. “Ele nunca demonstra alegria quando vê o pai ou a mãe. Parece fechado em sua concha e vive dentro de si”, escreveu. Algum tempo depois, Kanner apontava para um distúrbio até então desconhecido, caracterizando uma síndrome específica. As crianças observadas, segundo ele, tinham “lampejos de brilhantismo”, “uso distintivo de linguagem” e “desejo básico de solidão e mesmice”. Era o transtorno do espectro autista, como é chamado atualmente pelos cientistas.

Calcula-se que, nos Estados Unidos, uma a cada 68 crianças tem autismo, com proporção de uma menina para quatro meninos. Desde que o ‘caso 1’ foi descrito, em 1943, o conhecimento sobre o transtorno, ainda misterioso, avançou muito. Na área da prevenção, uma tecnologia conhecida como rastreamento ocular (eye-tracking) deverá estar disponível nos consultórios pediátricos em breve. O equipamento será capaz de verificar a direção do olhar da criança e observar mais de perto se há risco para o desenvolvimento do autismo. A ferramenta será tão essencial quanto a balança para acompanhar o ganho de peso ou a régua para medir o crescimento infantil.  Hoje, o diagnóstico do distúrbio é clínico, feito a partir de questionários e observação do comportamento do paciente. Os principais sintomas são dificuldade de comunicação e interação, além de padrões restritivos e repetitivos de comportamento. Os sinais surgem até os três anos de idade, sendo que podem ser detectados a partir dos 18 meses de vida.

Diz Guilherme Polanczyk , psiquiatra da infância e adolescência da USP: “O reconhecimento da doença e a intervenção precoce podem fazer a diferença na vida de uma criança com autismo”. Durante os primeiros anos de vida, o cérebro é ainda um órgão de enorme plasticidade. Tem a capacidade de se adaptar a novos mecanismos de funcionamento mediante os estímulos recebidos. Portanto, as terapias têm potencial de melhorar a comunicação, estimular o relacionamento afetivo e reduzir os comportamentos repetitivos.

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