Ataque ao Assentamento Olga Benário do MST deixa dois mortos e seis feridos
Os corpos de Gleison Barbosa, 28 anos, e Valdir do Nascimento de Jesus, 52, foram velados na manhã deste domingo, 12, no Velório Municipal de Tremembé, no interior de São Paulo. Ambos perderam a vida durante um ataque ao Assentamento Olga Benário, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Outras seis pessoas ficaram feridas no incidente.
De acordo com a assessoria do MST, um dos feridos segue hospitalizado em estado grave, enquanto os outros cinco já receberam alta e estão sob os cuidados de familiares. No sábado, 11, o MST emitiu uma nota de solidariedade às vítimas, enfatizando que a violência no campo não é isolada, mas reflete a ausência de políticas públicas e a negligência aos direitos dos trabalhadores rurais.
“Reafirmamos nosso compromisso com a luta pela Reforma Agrária Popular como caminho para um país mais justo e igualitário”, destacou a nota.
Investigação e prisão do suspeito
O delegado responsável pelo caso, Marcos Ricardo Parra, informou que Antônio Martins dos Santos Filho foi preso sob suspeita de liderar o ataque. Ele foi reconhecido por testemunhas e sobreviventes, pois os criminosos não cobriram os rostos. Antônio confessou o crime e revelou informações sobre o paradeiro de seus comparsas.
Segundo o delegado, o crime pode ter sido motivado por uma disputa relacionada à venda de um lote no assentamento, regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos e ocupado por cerca de 45 famílias.
“Os criminosos inicialmente tentaram intimidar os moradores. Contudo, diante da resistência, houve confronto com o uso de armas brancas e de fogo, culminando nesse trágico resultado”, explicou Parra.
Ação do Ministério da Justiça e Polícia Federal
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou que a Polícia Federal iniciasse uma investigação, citando possíveis violações aos direitos humanos. Paralelamente, a Polícia Civil segue apurando o caso, com a SSP-SP empenhada em esclarecer os fatos.
O ataque aconteceu na noite de sexta-feira, 10, quando, segundo o MST, “bandidos armados invadiram o assentamento Olga Benário por volta das 23h, utilizando carros e motos, e começaram a atirar enquanto os assentados dormiam, incluindo crianças e idosos.”
Histórico de ameaças
O MST informou que as famílias do assentamento já enfrentavam ameaças constantes devido à especulação imobiliária na região do Vale do Paraíba, onde o terreno possui localização estratégica para o turismo de lazer.
Solidariedade e reação de autoridades
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligou para a direção nacional do MST, manifestando solidariedade às vítimas e reafirmando o compromisso da Presidência em acompanhar o caso de perto.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, classificou o ataque como um “crime gravíssimo” e comunicou o ocorrido à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, solicitando providências imediatas.
Diversos parlamentares também se pronunciaram. “Que o crime tenha imediata apuração e que os responsáveis sejam punidos com o rigor da lei,” disse a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP).
Já o deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) cobrou ações efetivas das autoridades estaduais e federais: “É preciso apurar e punir os responsáveis por esse crime hediondo.”
A deputada Leci Brandão (PCdoB-SP) ressaltou a gravidade do ataque: “Famílias inteiras foram expostas ao risco de morte. Não basta solidariedade, é necessário que a justiça seja feita.”
Próximos passos
A Polícia segue investigando se o suspeito preso atuou por conta própria ou em nome de terceiros interessados no terreno. “Ainda não sabemos se ele era o comprador do lote ou um intermediário. O fato é que estava lá para impor sua vontade,” concluiu o delegado Marcos Ricardo Parra.
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Com informações IstoÉ