Por José Gadêlha
Um dia, nossos filhos e estudantes, quando forem crescidos o suficiente, entenderão, pela dor (se não entenderem pelo prazer), a lógica que move escolas e pais a levar a Educação Pública a sério, a exigir regras nos ambientes familiar e escolar – mesmo que nos taxem de exigentes demais. Hannah Arendt – grande mulher e filósofa alemã – nos alertava que a Educação Pública é aquele momento em que dizemos se amamos o mundo o suficiente para dele cuidar -, mesmo que isso provoque dores necessárias em nossos filhos e estudantes, ou se continuaremos a reproduzir um mundo sem parâmetros, destruindo dia após dia valores fundamentais, contribuindo para desagregação familiar com jovens delirantes nas redes sociais, mas fragilizados no respeito às regras da vida. Apáticos politicamente e deprimidos socialmente!
Queremos ser pais biológicos, mas esquecemos de ser pais e mães socialmente, muitas vezes. É trabalhoso crescer e mais ainda fazer os outros crescerem, como filhos e estudantes. Crescer é viver; e viver – respeitando as regras da vida – é doloroso, mas nos tornamos adultos saudáveis; mais solidários e responsáveis socialmente.
Escola boa não se faz só com professoras e professores preparados, excelentes… é necessário, mais que necessário, pais e mães exigentes, participantes do processo educativo e de ensino-aprendizagem dos filhos. E não basta ter filhos, é necessário ser mãe e pai, mesmo que isso provoque choro e ranger de dentes! Os “quereres absurdos” de filhos que deixam os próprios pais reféns de adolescentes – numa verdadeira inversão da lógica familiar, e por consequência, do ambiente escolar também. As regras nos fazem crescer interiormente; a ausência delas nos torna fragilizados!
Qualquer sociedade desenvolvida e socialmente sadia não se torna inerte a atos de desrespeito à vida civilizada. Vivemos hoje a lógica da insensatez. Não exigimos dos nossos filhos e estudantes referência aos fundamentos da convivência humana – e ainda reclamamos da Escola Pública por exigir respeito aos professores e, mais absurdo ainda, queremos um futuro maravilhoso para os nossos filhos, estudantes e jovens.
Educar é um processo permanente; não há um momento para filhos. Eles devem ser orientados e cobrados permanentemente, se não quisermos passar por dissabores futuros.
Atenção, senhores pais! Sejamos pais e mães permanentes dos nossos filhos. Vamos evitar essa onda modernosa do momento: pai de matrícula, pai de final de bimestre, pai de final de ano e mais: pai que não tem tempo para vir à reunião de pais!
José Gadêlha Loureiro – professor de História da Secretaria de Estado de Educação do DF, Diretor do Centro de Ensino Médio 09 de Ceilândia e Secretário Geral da ADEEP-DF.