Moeda norte-americana fechou a quinta (14) cotada a R$ 5,51. No dia 11, atingiu maior valor para um encerramento desde 20 de abril
A alta da moeda norte-americana não reflete apenas no preço de produtos importados, mas em várias cadeias produtivas de artigos nacionais, segundo economistas.
“Quando a nossa moeda desvaloriza é como se o Brasil virasse uma grande vitrine em promoção. Nossos preços ficam mais competitivo, exportamos mais e trazemos aumento de preço do mercado externo para o interno”, diz André Braz, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas) ao R7.
Segundo o economista, além de afetar o custo dos produtos importados, o dólar também influencia no preço da matéria-prima para a criação de animais, por exemplo.
Cotação pelo dólar nos insumos
Quando criamos um suíno, usamos soja e milho, produtos que são cotados em bolsas de valores internacionais. Se ficam mais caros, o milho também vem encarecendo por causa da crise hídrica, eles contaminam os preços das carnes, ovos e outras proteínas.
O preço da carne vermelhas saltou 28,36% nos últimos 12 meses, de acordo com a prévia da inflação de setembro.
No período, os maiores saltos partiram do músculo (36,83%), lagarto comum (34,07%), pá (33,88%), patinho (32,5%), costela (31,85%) e contrafilé (30,62%).
Alexandre Chaia, professor de economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), explica que a alta do dólar reflete nas negociações entre produtores, intermediários e grandes varejistas brasileiros, mesmo que o cultivo do grão ou a criação do gado sejam realizados por aqui.
“Quando o preço da soja, milho ou barril de petróleo, por exemplo, sobe no mercado externo, automativamente ele também é elevado por aqui. O varejista que for procurar um intermediário ou produtor para comprar um artigo ou matéria-prima para produzi-lo sabe que pagará o mesmo preço comercializado lá fora”, conta Chaia.
No caso do etanol, de acordo com Chaia, há outro agravante. A usina pode escolher entre produzir açúcar para exportar ou etanol para comercializar para o mercado interno. Isso poderia justificar a alta de preço do quilo de açúcar, por exemplo.
Mesmo com esse exemplo, o professor do Insper descarta uma possível aceleração da inflação por causa do desabastecimento do mercado interno, considerando que produtores estejam priorizando as exportações.
“Aqui não falta comida para comprar, falta dinheiro de boa parte da população para conseguir comprá-la. O problema maior é a disparidade social, não as exportações”, afimra.
Braz, porém, acredita que as exportações, sobretudo de carnes, aumentam muito quando o real está desvalorizado. “E por ser um item que pesa muito na cesta de consumo das famílias acaba acelerando a inflação.”
Entre janeiro e setembro de 2021, o Brasil exportou R$ 6.530.361.468 em carne bovina fresca, refrigerada ou congelada. O montante corresponde a um aumento de 21,48% no resultado do mesmo período no ano passado: R$ 5.375.715.898.