Investigada em inquérito das fake news, a parlamentar pretende colocar em pauta o voto impresso
A escolha da deputada Bia Kicis (PSL-DF) para presidir a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara provocou reação até mesmo entre os aliados do novo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Deputados que apoiaram a eleição de Lira disseram à CNN, em caráter reservado, que a indicação de Kicis não será aceita facilmente pelos pares. A avaliação é a de que a escolha da parlamentar tem potencial para desarranjar a nova gestão, uma vez que a CCJ é a principal comissão da Câmara.
De acordo com relatos feitos à CNN, caso a indicação de Kicis à CCJ se confirme, será dado início a um movimento para que a eleição da deputada não seja confirmada pelo colegiado. Isso porque o ato do presidente da Câmara precisa ser referendado pela comissão.
A deputada será submetida a uma eleição na CCJ e precisa ter o aval da maioria para assumir o posto.
Aliados de Lira temem que Kicis, uma das principais escudeiras do presidente Jair Bolsonaro, transforme a CCJ em palanque para pautas consideradas polêmicas. Kicis já sinalizou que pretende colocar em pauta a questão do voto impresso.
Deputados lembram que ela é uma das investigadas no chamado inquérito das fake news, que apura a participação de pessoas e organizações na produção e disseminação em massa de notícias falsas sobre membros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Paralelamente à reação do grupo de Maia, um movimento dentro do próprio PSL, no início da noite desta terça-feira (2), tem potencial para travar a indicação de Kicis à CCJ. A chegada da deputada à comissão passou por um acordo que envolve a Mesa Diretora da Câmara.
Pelo acerto, o presidente do partido, Luciano Bivar (PE), seria o nome da sigla para a primeira-secretaria e a ala bolsonarista do PSL ficaria com o comando de comissões. Nesta noite, no entanto, Léo Motta (PSL-MG), se inscreveu para disputar o cargo com Bivar –o que pode provocar mais um racha interno e impactar os acordos com Lira.