Setor agropecuário garante crescimento de 1,4% no início de 2025, mas especialistas projetam desaceleração nos próximos meses com impacto dos juros altos e incertezas fiscais.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, com forte impulso do agronegócio. O setor foi o principal responsável pelo desempenho positivo da economia no período, beneficiado por uma safra recorde, condições climáticas favoráveis e ganhos de produtividade. Apesar do resultado expressivo, analistas do mercado alertam que a contribuição do agro tende a se esgotar nos próximos trimestres, abrindo espaço para uma desaceleração da atividade econômica.
“O crescimento do agro, na nossa análise, ficará concentrado no primeiro trimestre. Para os próximos resultados, devemos observar um esgotamento da contribuição do setor agropecuário”, afirma Yihao Lin, gerente de análises econômicas da Genial Investimentos. Ele aponta que, daqui para frente, a economia dependerá mais dos setores de indústria e serviços.
Rafael Perez, economista da Suno Research, reforça que o bom desempenho foi puxado por condições climáticas ideais e produtividade elevada. Contudo, ele também destaca a expectativa de desaceleração ao longo do ano, pressionada por juros elevados e incertezas fiscais e externas. “Apesar da forte leitura do 1T25, o cenário aponta para um crescimento mais fraco nos próximos trimestres”, diz.
Por outro lado, fatores como o mercado de trabalho sólido e estímulos governamentais podem ajudar a suavizar essa desaceleração. “Medidas como o novo crédito consignado digital e o pagamento de precatórios previstos para julho devem impulsionar o consumo interno”, aponta Antonio Ricciardi, economista do Banco Daycoval. Segundo ele, o consumo das famílias pode crescer até 2,5% em 2025.
Ricciardi lembra ainda que o PIB do primeiro trimestre deixou um “carregamento estatístico” de 2,2% para o ano. “Isso não significa crescimento zero nos próximos trimestres, mas sim uma moderação no ritmo, com maior impacto no segundo semestre, especialmente no último trimestre”, avalia.
Leitura mista para o Banco Central
Na avaliação de Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, o resultado do PIB é “forte, mas agridoce”. Embora o número tenha vindo abaixo do esperado por conta das importações, ela destaca que há sinais de recuperação da demanda doméstica.
“É um PIB forte, mas com nuances. Ele não deve alterar de forma significativa a visão do Banco Central sobre a política monetária, mas também não reduz a cautela. A taxa básica de juros deve permanecer em 14,75% até o fim de 2025”, projeta.
Meta descrição (SEO):
PIB cresce 1,4% no 1º trimestre puxado pelo agronegócio, mas especialistas preveem desaceleração da economia em 2025 devido aos juros altos e incertezas fiscais.