Por Josiel Ferreira e Maurício Nogueira
O economista e deputado distrital Agaciel Maia (PL) está preocupado com o andar da carruagem da economia nacional. Ele cita a política econômica adotada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, como fator principal dessa preocupação. A manifestação ocorreu em entrevista exclusiva ao Tudo Ok Notícias, nesta quarta (18).
Ele antecipou quais os planos políticos no âmbito da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). E, ao mesmo tempo, pensa na possibilidade em disputar uma vaga na Câmara dos Deputados Federal, o que dependerá de algumas mudanças de peças no tabuleiro político local.
Agaciel Maia, como economista, citou os erros cometidos pela equipe econômica no caminho traçado para a retomada da economia.
Um dos pontos levantados por Maia é a redução da taxa Selic do governo federal por meio do Banco Central, que tinha por objetivo e esperava uma postura dos investidores com dinheiro aplicado de mudança no sentido de investir na produção. “E não surtiu esse efeito.”
Segundo ele, ao invés do esperado pelo governo federal os investidores preferiram comprar dólar. Assim, drasticamente, a população mais pobre foi afetada. Isso porque com a alta do dólar, tudo subiu de preço. Como o pãozinho, cuja matéria-prima é o trigo e a referência, o dólar, e, ainda os preços dos combustíveis subiram muito.
Na visão de Agaciel Maia, foi “uma decisão equivocada do Ministério da Economia querer colocar a taxa de juros Selic no país como se o Brasil fosse um país desenvolvido, com lastro econômico, quando não tinha”.
No tocante à política nacional 2021, Maia entende que “deveremos encontrar alguma dificuldade poque tem carência de oferta de muitos produtos. Estamos vendo carne de primeira a R$ 40. Praticamente, a gente tem uma ameaça, uma nuvem negra, sobre o processo inflacionário no Brasil”.
Agaciel tem a expectativa de que haverá uma certa demanda de produto que não vai existir na prateleira. “Essa é a preocupação a nível nacional”, frisou.
Reformas
Quanto ao pano de fundo desenhado pela equipe econômica de Bolsonaro, baseado nas reformas da Previdência e trabalhista como necessárias para o desenvolvimento econômico do país, na realidade a “da Previdência tirou mais de R$ 1 bilhão do salário só em Brasília por ano”.
Segundo ele, é um recurso a menos no consumo, que gera emprego, renda. “Então, essa política de conflitar, aumentar impostos de assalariado e outros tributários, ao invés de fazer o país melhorar, piora. O dinheiro circula menos, o desemprego aumenta, assim se vê um ciclo ao contrário. A gente vai andando para trás, como diz o ditado”, pontua Maia.
Indagado sobre a economia local, o distrital afirmou que o DF, diferentemente dos outros entes federativos “descobre uma carta na manca”. Ele lembrou que, no caso do ex-governador Rodrigo Rollemberg, foi utilizar os R$ 4 bilhões do IPrev.
“Agora, temos, nesse final de ano, esse Refis que deve dar, aproximadamente, R$ 600 milhões para o GDF. Já se cogita vender algumas estatais como a CEB para fazer um complemento em decorrência da diminuição de receitas”, ressaltou.
Maia ainda observou que as transferências da União no formato do Auxílio Emergencial sustentaram um pouco o consumo. “Mas, se acabar no próximo ano, ocorrerão problemas como a redução de consumo, desemprego, fome, o que no Distrito Federal tem muito.
Emendas
Ao ser questionado sobre quais as emendas produzidas pelo parlamentar são as mais importantes, neste ano, Maia de pronto respondeu que são as destinadas ao Hospital da Criança. Já é praxe a destinação de recursos por meio de emendas, informa Maia, que tem 63 leis aprovadas na CLDF.
“Nesse 2021, eu vou colocar R$ 4 milhões no hospital. Eu distribuo nas RAs todas, para manutenção, como problema de buracos, coloca na Educação para reformas de escolas”, enumerou ele.
No caso do Hospital da Criança, com uma emenda do parlamentar foi possível comprar o Neuronavegador, único em Brasília na rede pública e privada. Com ele pode-se realizar vários exames intracranianos. “Esse Neuronavegador possibilita fazer o exame tanto na criança com menos de quatro anos e em quem tem mais.”
“É bacana porque você cria uma condição de tratar das crianças, salvá-las. Este ano os R$ 4 milhões no hospital serão investidos em tecnologia, porque tem o tratamento de câncer, visando também amenizar doenças de crianças especiais”, comentou Maia.
O distrital não perde de vista o desequilíbrio social. Ele citou dois programas, um que iniciativa dele, que é o Programa Jovem Candango, em que o jovem, aquele que estuda em áreas mais carentes de Brasília, dispõe de qualificação remunerada.
“E tem o Bora Vencer do professor Israel, que mudou de nome, que é o treinamento grátis para estudantes, dando a mesma oportunidade de enfrentar o Enem, o vestibular. Esses dois programas mais o Hospital da Criança são os focos”, realçou Maia.
Eleição da Mesa
Em 2020, ainda, serão eleitos os integrantes da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Há já fortes candidatos, como Eduardo Pedrosa (PTC), Rafael Prudente (MDB) que tenta a reeleição e Maia.
“Há alguma chance se o Rafael não se viabilizar. Ele está tentando se viabilizar. Mas eu não estou muito empolgado com isso não, para ser sincero.”
Planos
E quais os planos, então, para 2021? Quis saber o Tudo Ok Notícias. “Estou com muitas ideias para acelerar o trabalho presencial. A Mesa Diretora prende você. Eu quero estar mais direto com a população correndo mais e medicando mais do que ficar burocraticamente no gabinete”, antecipou Maia.
Já com relação às aspirações à Câmara de Deputados Federais, ele acentuou que depende do partido para lançar-se candidato. Ele lembrou que a líder Flávia Arruda, tem pretensões em vagas majoritárias, como governadora, vice, ou senadora.
“Aí, o partido faz o esforço para me tornar deputado federal. Estou esperando mexer essa pedra. A Flávia sair para cima e eu sair de distrital para federal. Sempre meu sonho foi voltar para o Congresso, sou servidor de carreira do Senado, onde eu passei 38 anos da minha vida.”
Maia disse que ainda não conversou com os postulantes presidente da CLDF. Portanto, não definiu quem apoiará. “Agora, com a volta para Brasília eu vou conversar com o pessoal”, esclareceu ele. “Nunca fui candidato de mim mesmo. E se um grupo aposta em mim, eu tenho que sentar com ele e discutir se vale a pena. Eu trabalho muito em equipe.”
Esposa candidata à prefeita
A mulher de Agaciel, Sânzia Maia (PL), perdeu a eleição à Prefeitura de Jardim de Piranhas (RN). A candidata recebeu 1.082 votos, o que representa 12,75% dos válidos, e ficou em segundo lugar.
“O PL, no RN, foi muito bem, fez 20 prefeituras, meu irmão é presidente do PL aqui. Eu tenho uma irmã senadora também. Mas a parte familiar não foi bem não. Política é como partida de futebol, você entra, ninguém sabe o resultado, só no final. E anoitece e amanhece diferente todos os dias.”
Relação profissional com GDF
Maia disse ao Tudo Ok Notícias que a relação com o governador Ibaneis Rocha “está boa”.
“Sempre foi boa, eu o conhecia há muito tempo. Não o apoiei para governo. Ele sabia que eu reclamava e que não iria apoiá-lo. Eu tenho coerência, cargo, sou líder do governo, então eu não pulo do barco. E vou até o final.”
Em uma rápida autocrítica, Maia pontuou que tem sido correto com o governo, mas é independente. “Tenho dado opiniões, eu sou o único com conhecimento de orçamento. E, converso muito com André Clemente, um secretário preparado tecnicamente. Minha relação é profissional. Não tenho o que reclamar do governo e ele não tem de mim”, acentuou.
Um dos distritais mais queridos pela população, Agaciel Maia deixou como mensagem aos brasilienses o otimismo. Ele acredita no grande poder do povo do DF se reinventar. Com a pandemia, a população teve que enfrentar muitas dificuldades.
“Muitos modos de vida estão sendo alterado, como o trabalho remoto”, ressaltou Maia, sem deixar de esquecer os problemas com a saúde em virtude do Covid-19.
Por fim, o deputado distrital lembrou que tem projetos com relação “à busca de recursos em organismos internacionais no Bird, no Bid, onde se tem muitos recursos disponíveis, mas requerem projetos muito bem feitos, assim como no BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal”.
“Brasília é uma das unidades da federação que chega a nem 10% da capacidade de endividamento. A gente espera que, economicamente, o país melhore. E Brasília também. É a unidade com maior capacidade de melhorar a qualidade de vida da população”, complementou Agaciel Maia.
Desde seu primeiro mandato foi o primeiro a economizar a verba indenizatória da CLDF, com a economia de R$ 1,6 bilhão até o momento. Quando presidente não usou automóvel da Casa, nem verba de correio. Também nunca utilizou diária e tampouco verba para aquisição de passagens de avião. Isso, no terceiro mandato.