Açúcar e sal: os vilões na relação entre dieta e câncer gástrico

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Foto: Divulgação

 

Pesquisa brasileira revela impacto de padrões alimentares no risco de adenocarcinoma no estômago

 

 

Uma pesquisa realizada no Brasil e publicada na revista científica BMC Medicine destacou o papel do açúcar adicionado e do sódio como fatores de risco no desenvolvimento do câncer gástrico. O estudo, que analisou dados de 1.751 indivíduos de quatro capitais brasileiras, revelou que padrões alimentares não saudáveis (PANS) e saudáveis (PAS) têm diferentes associações com a doença.

No PANS, caracterizado por alto consumo de carnes processadas, fast-food e refrigerantes ricos em açúcar, o açúcar adicionado contribui de 7% a 21% no aumento do risco de câncer gástrico. Já no PAS, composto por frutas, vegetais e baixa ingestão de sódio, o consumo elevado de sal foi identificado como um fator mediador no risco de adenocarcinoma gástrico, tipo mais comum do tumor estomacal.

O câncer no estômago é o sexto mais frequente no Brasil, com estimativa de 21 mil novos casos entre 2023 e 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A doença apresenta alta taxa de mortalidade, com 75% dos pacientes falecendo em até cinco anos.

A pesquisa também explorou os impactos do sódio na mucosa gástrica, incluindo inflamações e interação com a bactéria Helicobacter pylori, que podem levar à formação de tumores. Cerca de 60% da população adulta brasileira excede os limites de sódio recomendados pela OMS, principalmente por meio de alimentos processados e refeições tradicionais.

Os cientistas apontaram a importância de popularizar informações sobre dietas saudáveis, respeitando as culturas regionais. Além disso, destacaram a relevância da nova legislação brasileira de rotulagem de alimentos, implementada em 2022, que facilita a identificação de produtos ricos em sódio e açúcar.

“A educação alimentar é crucial para a prevenção. Não basta proibir; é preciso informar, respeitando as culturas locais e adaptando recomendações à realidade das pessoas”, disse Maria Paula Curado, líder do estudo e chefe do Grupo de Epidemiologia e Estatística em Câncer do A.C. Camargo Cancer Center.

A pesquisa, que contou com apoio da FAPESP e colaboração internacional, reforça a necessidade de políticas públicas para promover escolhas alimentares conscientes e reduzir os riscos de câncer gástrico.

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