Em seu discurso da vitória, o 47º Presidente dos Estados Unidos afirmou que cumprirá as promessas feitas
Por Simone Salles
Trump vence. E a reação no Brasil? Risos, choros, total polarização. As manchetes do dia, os memes, as charges, os comentários nas postagens das redes sociais mostram isso. Mas nada muda o fato: o republicano volta à Casa Branca, com folga, como o 47º Presidente dos Estados Unidos. Conseguiu a liderança no voto popular, mais delegados do Colégio Eleitoral do que os necessários para garantir sua vitória, a maioria no Senado, maior número de cadeiras na Câmara e na Suprema Corte. Alcançou um resultado melhor que o da sua primeira candidatura, apoiado por ampla coalização.
A apuração foi angustiante e as pesquisas realizadas poucos dias antes apontavam para um cenário imprevisível de disputa acirrada. No entanto, não houve vantagem mínima, nem empate, nem margens estreitas entre Trump e Kamala. O que houve foi uma vitória estrondosa do democrata, como há muito tempo não se via. O ex-presidente parte para seu segundo turno com mais legitimidade que em 2017.
Durante os comícios e na Internet, Kamala alertou que Trump representava um perigo para a democracia; Biden levou a culpa por quase tudo, mas a maioria dos eleitores não apostaram em Kamala para resolver seus problemas. Confiaram mais em Trump.
A campanha de gastos bilionários contou com diversos doadores. Entre eles, do lado republicano, Timothy Mellon e Elon Musk e do lado democrata, Michael Bloomberg e George Soros. Nomes de peso, que se juntaram aos pequenos doadores e às arrecadações dos comitês políticos. Possivelmente a mais cara da história, a corrida presidencial teve momentos dignos de filme – as gafes públicas de Joe Biden quando ainda era candidato à presidência, e trocou o nome do presidente da Ucrânia pelo da União Soviética, chamando-o de Putin; a tentativa de assassinato de Trump durante comício na Pensilvânia; a desistência de Biden da disputa à reeleição por pressão dos democratas que questionavam seu estado físico e mental; a consequente entrada de Kamala como nova adversária política.
Houve, inclusive, o uso de inteligência artificial de forma polêmica e geradora de desinformação eleitoral, como foi o suposto caso da cantora Taylor Swift, que aparecia apoiando determinado candidato sem ter endossado nenhum nome naquele momento. Deepfakes de Trump e Kamala cresceram diante do avanço da tecnologia da IA, não somente na divulgação de fotos e imagens, mas de áudio, como em telefonemas aos eleitores, por exemplo.
Para uma disputa tão incerta e cara, apenas um único debate ao vivo entre os dois foi ao ar. Esse primeiro e último confronto direto diante das câmeras, assistido por milhões de eleitores, não se repetiu, quebrando a tradição dos embates políticos televisivos como definidores de vitoriosos na campanha. Foi a oportunidade que ambos tiveram de se encontrar e discutir frente a frente, olho no olho, temas polêmicos, embora tenham optado pela troca de acusações mútuas.
Em seu discurso da vitória, Trump agradeceu aos que o apoiaram e aos que votaram nele. “Sindicalizados, não sindicalizados, afro-americanos, latinos, asiático-americanos, árabes-americanos, muçulmanos-americanos, tivemos todos e foi lindo”, destacou. Afirmou que cumprirá as promessas feitas e concluiu “É hora de deixar para trás as divisões dos últimos quatro anos… O futuro da América será maior, melhor, mais audacioso, mais rico, mais seguro e mais forte do que nunca antes”.