‘A única arma contra a Covid-19 é a vacina’

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
O infectologista Julival Ribeiro adverte: “Temos de rejeitar as fake news sobre esse tema” | Fotos: Davidyson Damasceno/Agência Saúde

 

A afirmação é do infectologista do Iges-DF Julival Ribeiro, que recomenda confiar mais na ciência  e  combater fake news

 

A vacina contra a Covid-19 é uma realidade em diversas partes do planeta. No Brasil, a expectativa é que a imunização comece ainda neste mês, com a oferta de duas vacinas: a CoronaVac, uma parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e a AstraZeneca/Oxford, feita com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Mas o que dizem especialistas sobre o assunto, uma vez que o debate é atravessado por informações desencontradas?

A disseminação das chamadas fake news (notícias falsas) preocupa o infectologista Julival Ribeiro. Ele coordena o Núcleo de Controle de Infecção do Hospital de Base, unidade administrada pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF). O médico brasiliense defende que a sociedade precisa acreditar mais na ciência e nas pesquisas desenvolvidas para se chegar aos resultados apresentados. “Se a OMS [Organização Mundial da Saúde] diz que para uma vacina ser aprovada é necessário apresentar uma eficácia mínima de 50%, isso significa que a vacina com esse percentual é eficaz”, afirma. “Temos de rejeitar as fake news sobre esse tema”.

“Se a OMS diz que para uma vacina ser aprovada é necessário apresentar uma eficácia mínima de 50%, isso significa que a vacina com esse percentual é eficaz”

Doutor em doenças tropicais pela Universidade de Brasília (UnB), Ribeiro também é membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e tem discutido com seus pares a situação atual da pandemia. “Hoje, apesar de alguns dizerem sem conhecimento que existe tratamento precoce, não existe”, adverte. “Nenhum antiviral no mundo é capaz de conter esse vírus. A única arma para tentar conter o problema é a vacina, conjuntamente com as medidas preventivas”.

O Ministério da Saúde está se preparando para conduzir a maior campanha de vacinação já vista no Brasil. O Governo do Distrito Federal (GDF), que aderiu ao Programa Nacional de Imunização (PNI), receberá as vacinas distribuídas pelo ministério e seguirá o cronograma nacional.

Leia também

GDF inclui nova fase no plano de vacinação

Desenvolvimento das vacinas

Em relação aos processos de confecção dos imunizantes, Julival Ribeiro explica que diversas plataformas tecnológicas foram usadas nas pesquisas, como a de RNA, a de vetores viral, a de vírus inativado e a de subunidades proteicas.

No caso da AstraZeneca/Oxford, a plataforma utilizada foi a de vetor viral não replicante. Para isso, foi usado um adenovírus, editado geneticamente e no qual foi incluída a proteína Spike do coronavírus. Dessa forma, um antígeno (proteína) vai estimular o sistema imunológico do indivíduo a produzir anticorpos contra o vírus que causa a Covid-19.

O infectologista do Hospital de Base alerta para uma das grandes notícias falsas do momento, de que a vacina cuja plataforma usa o RNA (da Pfizer/BioNtech, da Moderna) poderia mudar o material genético do ser humano, provocando mutações. “Não existe isso, é uma grande mentira”, assegura. “Temos de confiar na ciência e nas pessoas que falam a verdade”.

“Temos de confiar na ciência e nas pessoas que falam a verdade”

No caso da CoronaVac, a plataforma usada é bastante tradicional, por ser a mesma empregada na vacina contra a gripe. Trata-se do vírus inativado, incapaz de se reproduzir, ou seja, de causar a doença. Com isso, o vírus não infecta a pessoa vacinada, mas estimula a produção de anticorpos contra a Covid-19.

Ribeiro chama atenção para o resultado final das vacinas. Segundo ele, independentemente da plataforma, o princípio é o mesmo. “Todas as vacinas vão apresentar um antígeno (proteína) que estimulará o sistema imunológico da pessoa a produzir anticorpos para que, quando ocorrer uma infecção real, o organismo dessa pessoa esteja pronto a responder”, detalha.

Eficácia

Outro debate preocupante e nada produtivo, segundo Ribeiro, é sobre a eficácia das vacinas. De acordo com dados apresentados pelos laboratórios, a CoronaVac tem eficiência de 50,3%, e a AstraZeneca/Oxford, de 70%. “Isso significa que o risco de adoecer é 50,3% ou 70% menor entre vacinados se comparado com o risco de adoecer entre os não vacinados”, esclarece o médico. “Ao tomar a vacina anual da gripe, por exemplo, nós nem procuramos saber qual a eficácia da mesma”.

Futuro promissor

O infectologista acredita que dias melhores virão com o início da vacinação. Faz, no entanto, um alerta importante sobre o comportamento social. Segundo ele, medidas como distanciamento, uso de máscara e higienização das mãos devem perdurar por um tempo.

“As vacinas são um dos maiores bens da humanidade para a prevenção de doenças”

“É apenas o início”, afirma. “Temos uma população mundial de mais de 8 bilhões de indivíduos que precisam da vacina. As vacinas são um dos maiores bens da humanidade para a prevenção de doenças. Temos de olhar para o todo e não para o individual.”

 

Com informações do Iges-DF/Agência Brasília

Mais lidas

BRB amplia vantagens para clientes com nov...
Governo do DF vai à Justiça contra greve d...
Senac-DF promove workshop e reforça prevenção
...