A PÁSCOA E O SENTIDO DA RESSURREIÇÃO

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O mundo ocidental – do qual fazemos parte – presta-se a alguns equívocos históricos e que ao longo dos séculos vão sendo repetidos e adensados por aqueles que escrevem a história do ponto de vista dos dominantes. Aliás, a história tem sido escrita sempre dessa forma! E os dominantes tem uma particularidade – apropriar-se das figuras históricas em proveito próprio; os dominados ainda não perceberam; daí a necessidade da velha lição da musa Clio: a História é um trem triste//Às vezes, com vagões alegres e enfeitados//mas quem dele não participa//pode ser atropelado!

                

A Páscoa é um das lições que Jesus legou à humanidade em sua caminhada terrena pelo vale de lágrimas. A passagem é dolorida, pois se trata de um aprendizado. E aprender é uma conversão – abrir-se para participar da história; a história dos oprimidos – pela opulência do capital; pela opulência dos poderosos; pela ganância e soberba – dos que se acham senhoras e senhores do mundo.

 

Hoje vivemos um vazio de esperança. Os tempos presentes dos açoites neoliberais só pregam desejos; não espaços que aponte caminhos em perspectivas – os caminhos estão pré traçados pela lógica do consumo. E o que vemos hoje – em tempos de enganadores de redes digitais – é o um desencanto com a realidade social. Necessário se faz trabalhar o Princípio Esperança – almejado pelo filósofo alemão Ernest Bloco, em obra homônima.

 

A esperança não e um elemento colocado a nossa frente. Não é o que vemos; é o que tem sentido de ser. Quem ver é a lógica consumista; visto que as redes de plataformas digitais só conectam pessoas, mas não criam vínculos sociais e políticos. E ainda mostram a realidade, como pronta e acabada. O culto à positividade – segundo Han – faz com que as pessoas que estejam passando por um mau momento se culpem, em vez de responsabilizar a sociedade por seu sofrimento. Ausentes de vínculos sociais, o sofrimento é privatizado. Somente com vínculos sociais a realidade aponta meios de  transformações.  São Paulo nos alertava em Carta aos Romanos(Rm 5, 3-5) quando destacava a negatividade inerente à esperança: “Gloriamo-nos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não engana”.

 

Jesus – e seus variados exemplos de dor, sofrimento, angústia e esperança a caminho do Calvário – leva-nos a refletir e aceitar a condição humana, como Páscoa e Ressurreição; não a condição imposta pelas elites, mas a condição de lutar sempre – na caminhada por justiça e superação da indignidade que nos impõem os poderosos. O Calvário é o caminho a ser percorrido com as sandálias da esperança e superação críticas! Mas superar o quê? O descaso das elites brasileiras; um sistema corrompido, e, acima de tudo, alienação e  falta de esperança. Santo Agostinho, cristão e africano, diz-nos:A esperança tem duas belas e queridas filhas: a indignação e a coragem; a indignação para recusar as coisas como estão aí; e a coragem, para mudá-las”. Mudar a partir de nós mesmos; com autocrítica e fé social, – diferente do que apregoa as seitas digitais.

 

Transposto esse vale de lágrimas – com um povo consciente e a economia a serviço da cidadania e da Educação Pública –, estaremos alcançando nossa ressurreição; libertando-nos do pecado social (falta de esperança) com ações políticas concretas. Liev Tolstói, escritor russo, nos adverte em sua obra Ressurreição… apesar da degradação, as pessoas mesmo assim sentem pena umas das outras e se amam… E se praticassem as palavras do Mestre, expressas no Sermão da Montanha, instaurariam um regime de sociedade humana, completamente novo, e se alcançaria o bem mais elevado acessível ao ser humano – o Reino de Deus na terra. Siga-nos – Instagran: @prof.gadelhadf

 

*José Gadêlha Loureiro, professor de História e Secretário Geral da ADEEP-DF (Associação de Diretores e Ex-diretores das Escolas Públicas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal).

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