Por Miguel Lucena
Foi na surdina, sem coletiva nem confete, que um grupo de policiais civis da Coordenação de Fraudes da PCDF começou a puxar o fio de uma meada podre. O que parecia apenas mais uma reclamação de desconto indevido em aposentadoria virou um novelo de bilhões afanados.
A investigação, feita no silêncio das delegacias e no faro de quem conhece os atalhos do crime, revelou um esquema digno de filme ruim: falsificação de documentos, empresas de fachada e autorizações de desconto que os aposentados jamais assinaram. Tudo costurado com linha grossa por gente da tal Conafer, que deveria representar agricultores familiares — e representava, sim, mas só os do esquema deles.
O golpe atravessou governos como quem atravessa faixa de pedestre: sem olhar pra ideologia nem pra lado. Entrava governo, saía governo, e a mão da quadrilha continuava firme no bolso do idoso. Direita, esquerda, centro… tanto faz. A bússola deles sempre apontou para o norte do dinheiro alheio.
Agora, com a sujeira exposta, muitos correm para se afastar da lama. Mas foi ali, longe dos holofotes e perto do povo, que a boa e velha polícia começou a desenrolar esse caso. Como manda a cartilha: siga o dinheiro — ele sempre conta a verdade.