A CONSTRUÇÃO DA AUTOESTIMA

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Os avanços sociais advindos da construção gradativa do Modo de Produção Capitalista provocaram um conjunto de mudanças comportamentais no ser humano ocidental. A dimensão do universo passou a ter outra compreensão, quer do ponto de vista social quer do ponto bio psíquico. E para isso, não só contribui como influenciou a vida do indivíduo às condições impostas pelo mundo do trabalho.

 

O ser humano passou a perceber que as condições do universo que o cerca e da sociedade na qual está inserido, exige-lhes uma participação objetiva e ao tempo subjetiva para constituição do ser social. Não se trata de uma posição meramente passiva, mas de ações ativas que lhes garantam as condições de luta pelos recursos de sobrevivência, quer materiais, quer espirituais. Por isso, homens e mulheres não podem negar a participação na sociedade enquanto agentes políticos.

 

E para isso, os seres humanos e, ao mesmo tempo, seres socais se definem, segundo Karl Marx, como seres relacionais com os demais semelhantes – em seus conflitos e contradições. Com as contradições impostas pelo mundo do capital, os seres humanos tendem a desenvolver estados de esquizofrenia social – expulsando o outro em sua busca desenfreiada pelo excesso de positividade. Aí, a negatividade do inteiramente outro dá lugar à positividade do igual, – ou seja, do outro igual, segundo Byung-Chul Han, o que produz um sentimento de vazio. E o nosso mundo torna-se mais vazio e desprovido de sentidos.

 

Diante dessa situação, bloqueiam-se os canais de construção da autoestima, considerando a anulação do outro como referência – negando, por sua vez, o elemento confirmador do meu eu! Assim não se pode construir autoestima quando se eleva a extremos a gratificação do eu. Somente o outro – singular e contraditório -, pode balizar os sentidos da minha existência; não há sentidos na e da vida sem o outro. Autoestima não é ausência de conflitos, quer da nossa existência, quer do mundo que desaba sobre nós – como diria Freud. E acrescenta Byung-Chul Han, o Ego fortalecido, fomentado e explorado pelas relações de produção neoliberais, está cada vez mais separado do outro; e a guinada da autorreferência narcisista, nos torna cegos e mudos diante do outro; outro esse que molda nossa autoestima.

 

A vida, por si só, nua e crua, só tem sentido para os animais a quem chamamos de irracionais. Cabe a nós, ditos seres humanos e racionais, construir de forma ímpar sentidos para a vida. Não adiante exasperar-se, chorar, e se considerar vítima de um destino cruel… Ser forte é saber se levantar! Se busco um crescimento interior que não esteja sustentado pelas muletas das ilusões digitais, posso me fortalecer. Isso é construção de autoestima! E para que isso ocorra, é necessário desenvolver senso crítico fomentado pela Escola Pública e estimulado pela família. Mas, com a sociedade brasileira, intoxicada pelas mídias sociais, desprezando a leitura e os saberes construídos, perde-se a capacidade de avaliar o mundo e a si mesmo! E para mudar esse quadro social, sonhos, seguidos de ação, de prática – a quem chamamos de práxis, após permanente reflexão, sustentada por muito estudo, dedicação e suor; dores, tristeza e alegrias -, podem suportar as cargas que o mundo nos impõe.

 

Todo que me fortalece, me potencializa – para lembrar de forma passageira Espinosa e Nieztsche. Por isso, irrigue seu jardim; cultive suas rosas; enfeite sua alma. Mas não fique esperando que alguém lhe mande flores!

 

Parte I

Professor Gadelha

Por José Gadelha Loureiro, professor de História da SEEDF e Diretor do CEM 09 de Ceilândia.

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