Papuda: doenças de pele atingem mais de 700 detentos

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Após denúncia de familiares de presos, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Vara de Execuções Penais (VEP) do Tribunal de Justiça do DF investigam um possível surto de doenças de pele, como a escabiose e o impetigo (impingem), no Complexo da Papuda. Até ontem, ao menos 768 detentos foram diagnosticados com as enfermidades, que se propagam com facilidade em ambientes lotados.

De acordo com a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP), as patologias identificadas são escabiose, impetigo (impingem), tínea e furunculose e teriam sido percebidas na segunda quinzena do mês passado nos apenados da Penitenciária do Distrito Federal I (PDF-I) e do Centro de Detenção Provisória (CDP).

Relatos anteriores

No entanto, para a integrante da Associação de Familiares de Internos do Sistema Penitenciário do DF e do Entorno (Afisp-DFE), Aline (nome fictício), as primeiras contaminações ocorreram em meados de março e se intensificaram assim que as temperaturas começaram a baixar.”Na época do frio, as pessoas ficam mais vestidas e com roupas mais quentes. Os problemas de pele se agravam. A quantidade de presos é alta e a higiene não é boa”, explica. O sistema penitenciário conta com 7.496 vagas e cerca de 15 mil presos – um défict de 100%.

Ela reclama que o poder público só começou a dar mais atenção ao assunto depois que familiares de presos apresentaram sintomas das doenças, como coceira intensa em várias partes do corpo seguidas de pequenas feridas. Foi aí que os representantes da Afisp-DFE denunciaram o caso ao Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional (Nupri) do MPDFT.
A juíza titular da VEP, Leila Cury, pediu à Sesipe relatório sobre a situação aos chefes dos núcleos de saúde dos presídios. Depois disso, fez uma vistoria pessoal nas dependências da Papuda e, além de constatar o problema, certificou-se de que o atendimento já estava sendo prestado aos presos.

Fotos: Divulgação A Subsecretaria do Sistema Penitenciário informou que o problema é contornado por meio de medicação Mutirões de triagem estão sendo feitos para o diagnóstico
Fotos: Divulgação
A Subsecretaria do Sistema Penitenciário informou que o problema é contornado por meio de medicação
Mutirões de triagem estão sendo feitos para o diagnóstico

Ponto de vista

O dermatologista Luciano Morgado explica que essas doenças estão mais relacionadas com a falta de higiene e aglomeração do que com o frio. O contato direto é a forma de transmissão das quatro patologias apresentadas pelos apenados. Para Morgado, a limpeza é fator importante no tratamento, que pode ser feito via oral e tópica. “É preciso tratar todo mundo, senão o problema pode voltar”, afirma o profissional da clínica Monte Parnaso.

Averiguação de infectados continua

Um dos receios dos familiares dos apenados da Papuda é que as visitas sejam paralisadas devido ao problema, assim como ocorreu quando houve surto de cachumba. Porém, até o momento, a Sesipe não teria visto a necessidade de tomar essa decisão. Para a participante da Afisp-DFE Aline, não há motivos para o impedimento das visitas, já que o tratamento pode ser feito com tranquilidade, com o uso de medicação e cuidados básicos de higiene.

De acordo com relatório recebido pela VEP, “o fato de um grupo de internos estar com a doença de pele não significa que o CDP estaria com um quadro de epidemia e que a situação estava controlada”. Por meio de nota, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) informou que o problema é contornado por meio de medicação.

Os rastreamentos continuam, até mesmo com mutirões de triagem. Até ontem, no PDF I, haviam sido triados 2.507 internos, sendo diagnosticados e tratados 540. Já no CDP, as doenças foram identificadas em 139 presos e 89 já haviam sido tratados.

A subsecretaria admite que possa ter ocorrido a contaminação de alguns familiares. Para prevenir novos casos, haverá higienização de celas e orientações sobre o cuidado pessoal, em especial, na lavagem de mãos. “Os presos são constantemente acompanhados por diversos profissionais da saúde que trabalham nas unidades, como clínicos gerais, enfermeiros, dentistas, assistentes sociais, terapeutas entre outros”, informa.

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