á quase dois anos com uma bolsa que recolhe excreções do intestino, Pedro, de 4 anos, precisa tomar cuidados dobrados na hora de brincar. “Tem coisas que ele não pode fazer, como se jogar no chão ou participar de brincadeiras de impacto”, diz o pai, Fabrício de Souza. A bolsa foi implantada no menino para corrigir uma malformação que obstruía o sistema digetivo, mas deveria ter sido removida cinco meses depois.
Pedro foi submetido à colostomia – procedimento que faz uma abertura no abdome para ligar o intestino a bolsa externa – em 26 de junho de 2015. Segundo relatório médico assinado em 15 de julho, Pedro deveria ter retornado para exames pós-operatórios em novembro daquele ano.
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Relatório médico pede que paciente submetido a colostomia faça pós-operatório entre 4 e 5 meses depois da cirurgia (Foto: Fabrício de Souza/Arquivo Pessoal)
De acordo com Souza, o médico informou que este
era o tempo necessário para a cicatrização dos pontos internos, quando a incisão no abdome do filho estaria fechada. Mas até esta terça-feira (2), quase um ano e meio depois do procedimento, a Secretaria de Saúde do DF não havia marcado uma nova cirurgia.
Em fevereiro, a Secretaria de Saúde informou que a compra do “grampeador linear” – aparelho necessário à cirurgia de Pedro – estava “em andamento” e que o procedimento seria agendado assim que o equipamento estivesse disponível. Nesta terça-feira, a pasta disse que não há prazo para a compra do grampeador e, por isso, não há como prever uma data para a cirurgia do menino.
“O grampeador linear não é um material disponível em estoque na Secretaria de Saúde. O processo de compra foi autuado e encaminhado ao Núcleo de Judicialização para providências quanto à compra. O procedimento só poderá ser realizado após a aquisição”, informou a secretaria.
Na Justiça
Na tentativa de apressar a compra do grampeador, em novembro do ano passado o pai de Pedro entrou com uma ação na Justiça por meio da Defensoria Pública. Mas até agora não conseguiu ver o direito do filho ser respeitado.
Na primeira decisão da 7ª Vara da Fazenda, em 7 de novembro, o juiz pediu que os equipamentos e a marcação da cirurgia fossem providenciados em caráter de urgência. Ele argumentou que Pedro “necessita da cirurgia de reversão da colostomia, sob pena de agravamento do seu estado de saúde, tendo a equipe médica condições de realizá-la, faltando apenas os materiais necessários”.
No último parecer, proferido em 22 de fevereiro, o juiz determinou que a decisão anterior fosse cumprida “imediatamente” ou que a Secretaria de Saúde informasse o prazo estimado para a realização da cirurgia “sob pena de incursão em delito de desobediência e instauração de ação de responsabilidade por ato de improbidade administrativa”.
Enquanto o menino de 4 anos aguarda, a família precisou adaptar brincadeiras e tomar cuidados dobrados na hora do lazer e até mesmo na escola. O pai diz que é frequentemente chamado para “esvaziar” a bolsa de colostomia.
Fila única no SUS
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Centro obstétrico do Hospital Regional de Santa Maria, no DF (Foto: Andre Borges/GDF/Divulgação)
O Ministério da Saúde anunciou na última quinta-feira (27) que pretende criar uma fila única para a realização de cirurgias eletivas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. Segundo o ministro, Ricardo Barros, a medida pretende acabar com a “peregrinação” por hospitais.
“Queremos que os pacientes sejam atendidos dentro de uma ordem geral e não que tenham que ir de hospital em hospital.”
A pasta informou que, uma vez na lista, quando o paciente for chamado, todos os exames e o pré-operatório serão realizados no hospital com disponibilidade de médicos e leitos, onde ficará até receber alta.
Cada estado tem até 40 dias para enviar à pasta uma lista com todos os pedidos de cirurgias. Com os dados, o ministério vai analisar os procedimentos mais solicitados e reorganizar a distribuição de verbas.
De acordo com Barros, serão investidos R$ 360 milhões em mutirões de cirurgias em todo o país, mas somente os estados que incluírem a lista no sistema online do SUS, o Sisreg, serão beneficiados – 2.548 muncípios já fazem uso da plataforma, segundo o ministério. G1
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