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 Terapias com GLP-1 podem ser usadas a longo prazo e obesidade é reconhecida como doença crônica

 

Por Simone Salles

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou sua primeira orientação sobre uma nova classe de medicamentos para perda de peso, os análogos do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1), em uma mudança política significativa diante do aumento global da obesidade. 

O documento estabelece recomendações condicionais para o uso seguro e prolongado de terapias como liraglutida, semaglutida e tirzepatida em adultos com obesidade, mas não durante a gravidez. 

A OMS ressalta que mais de 1 bilhão de pessoas vivem atualmente com obesidade – associada a 3,7 milhões de mortes em 2024 – e esse número pode dobrar até 2030 sem medidas reforçadas. A orientação reconhece a obesidade como uma doença crônica que requer cuidados abrangentes ao longo da vida, e que as terapias com GLP-1 podem ajudar milhões de pessoas, mas não são uma solução isolada. A agência enfatiza que a obesidade é impulsionada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e sociais, e é um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer.

Os medicamentos GLP-1 funcionam imitando um hormônio natural que regula o apetite, a glicemia e a digestão, promovendo perda de peso substancial em muitos pacientes. Embora a OMS já os tivesse incluído na sua “Lista de Medicamentos Essenciais” para grupos de alto risco com diabetes tipo 2, a recomendação para uso prolongado em obesidade permanece condicional. Isso se deve à falta de dados de segurança de longo prazo, incertezas sobre a manutenção da perda de peso após a interrupção do tratamento, custos elevados e preocupações com a desigualdade no acesso entre os países. 

A procura mundial já supera a oferta, e estima-se que menos de 10% das pessoas elegíveis terão acesso aos medicamentos até 2030, o que pode agravar as desigualdades existentes. A agência reforça que o tratamento farmacológico deve ser combinado com intervenções complementares, como alimentação mais saudável, atividade física frequente e acompanhamento clínico contínuo, e que o combate à obesidade requer medidas governamentais e mudanças na indústria alimentar para criar ambientes mais saudáveis. 

A OMS também alerta para a crescente circulação de produtos falsificados ou de qualidade inferior e defende cadeias de abastecimento reguladas, prescrição qualificada e supervisão rigorosa. As novas diretrizes, desenvolvidas a pedido dos Estados-membros e baseadas em evidências científicas, serão atualizadas conforme o surgimento de novos dados.

Funcionamento

O mecanismo de ação dos análogos do GLP-1 baseia-se na sua capacidade de ativar os receptores do hormônio GLP-1 no cérebro, especificamente no hipotálamo, que é fundamental no controle do apetite e da saciedade. A ativação desses receptores no cérebro leva à redução da fome e do desejo por comida, e também retarda o esvaziamento gástrico, o que prolonga a sensação de saciedade. Além disso, a ação periférica do GLP-1 no pâncreas estimula a secreção de insulina de forma glicose-dependente e inibe a liberação de glucagon, o que contribui para o controle da glicemia (açúcar no sangue). A eficácia desses medicamentos é tamanha que a semaglutida, por exemplo, foi inicialmente desenvolvida para o tratamento do diabetes tipo 2, mas demonstrou benefícios substanciais na perda de peso.

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