Advogada denuncia indícios de fraude e apropriação indevida no Condomínio Alta Vista Thermas Resort
A advogada Karina Saraiva, representante da Associação Alta Vista de Caldas Novas, fez graves denúncias contra a administração do Condomínio Alta Vista Thermas Resort, apontando indícios de fraude, apropriação indébita e calote a fornecedores. Em entrevista ao Tudo Ok Notícias, ela relatou práticas suspeitas envolvendo a gestão financeira e o uso irregular de recursos dos condôminos.
Pós-graduada em Gestão de Condomínios, Karina afirma ter identificado irregularidades na movimentação das taxas condominiais. Segundo ela, os valores passaram a ser depositados em contas de terceiros, em nome de outra empresa que não pertence oficialmente ao condomínio.
“Começaram a receber as taxas em outra conta, no nome de uma empresa terceirizada. Isso é um sinal claro de irregularidade. Os proprietários não foram informados, apenas comunicados sobre a nova conta, sem qualquer explicação. Visivelmente, trata-se de desvio de recursos”, afirmou a advogada.
Além das taxas condominiais, Karina denunciou inadimplência com fornecedores, entre eles a empresa Serra das Thermas Mineração LTDA, responsável pelo fornecimento de água ao condomínio. Segundo ela, a mudança das contas bancárias ocorreu justamente no período em que processos judiciais se aproximavam da sentença.
“Eles fizeram a mudança de contas quando os processos estavam prestes a ter decisão. Isso dificulta o rastreamento do dinheiro e prejudica os credores. Há ainda casos em que proprietários inadimplentes são impedidos de usar suas unidades, mas o condomínio as aluga para terceiros sem prestar contas desses valores — o que é ilegal”, relatou.
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A advogada também denunciou a falta de transparência na gestão do pool de locação — sistema pelo qual os proprietários disponibilizam suas unidades para aluguel coletivo. Segundo ela, há quatro anos os participantes não recebem repasses.
“Os proprietários que participam do pool de locação estão há quatro anos sem receber um real. Não há prestação de contas e ninguém sabe para onde o dinheiro vai”, destacou.
Karina explica ainda que a empresa administradora do condomínio recebe 20% do valor bruto arrecadado e tem sócios com participação em outras companhias ligadas ao próprio empreendimento, o que, segundo ela, configura conflito de interesses e falta de transparência.
“Eles recebem do condomínio 20% do bruto arrecadado. O que acontece é que, por exemplo, o síndico do condomínio é uma pessoa jurídica. Essa pessoa jurídica tem sócios que também são donos do Thermas. Ou seja, acabam comprando deles mesmos e pagando para eles mesmos. Pararam de comprar Thermas de terceiros e devem estar comprando dos próprios sócios, o que elimina qualquer transparência”, explicou Karina.
A advogada cita nominalmente Charles Garcia Kriunas e Adailton Alexandre como responsáveis diretos pela administração e proprietários da Alta Vista Administradora, empresa que atua como síndica do condomínio. Segundo ela, o grupo controla diferentes esferas da gestão e dificulta qualquer tipo de fiscalização independente.
Karina afirma ter tentado levar o caso ao Ministério Público, mas as tentativas não avançaram por se tratar, inicialmente, de uma questão civil. Ela defende, no entanto, que o caso envolve elementos criminais e patrimoniais que ultrapassam a esfera condominial.
“Meu sonho é ver o Ministério Público investigando tudo isso. Há indícios fortes de fraudes, documentos forjados e reuniões fictícias. Já participei de quatro ações judiciais contra eles e perdi todas, porque, no meio do processo, eles produzem novas atas para ratificar decisões inexistentes. É um esquema muito bem articulado”, declarou.
A advogada também relatou ter sido alvo de retaliações após começar a questionar a gestão.
“Fui denunciada por captação irregular de clientes, apenas porque fiz notificações formais sobre as irregularidades. Tenho documentos e e-mails que comprovam que há proprietários sem receber desde 2021. Eles prometem pagar, mas nunca cumprem”, concluiu.
Novos fatos
Um possível escândalo milionário pode estar prestes a estourar, envolvendo desvios de fundos em outros estados, além de Caldas Novas. Outro ponto revelado é que cotistas, ao adquirirem suas cotas (Varandas), não receberam os contratos firmados com o empreendimento — muitos não estão escriturados, já que a empresa está em recuperação judicial. Há empreendimentos paralisados desde 2014 que até hoje não foram entregues, gerando graves prejuízos aos condôminos.
Muitos desses investidores estão alocados em outros hotéis, estes abandonadas, com rachaduras e sem condições de receber hóspedes. Ainda assim, os cotistas continuam pagando mensalmente seus boletos, sem retorno algum.
O site entrou em contato com o Condomínio Alta Vista Thermas Resort, enviou perguntas, mas, até o presente momento, não obteve resposta às denúncias.