Por Carlos Arouck
No mundo hierárquico e socialmente estratificado, as instituições estabelecidas, como governos ou corporações, têm mecanismos, intencionais ou não, para silenciar, marginalizar ou desencorajar indivíduos que as questionam, desafiam ou criticam. Essas estruturas sociais, políticas e econômicas da sociedade moderna são usualmente chamadas de “sistema”.
O sistema não tem partido nem ideologia — tem instinto de sobrevivência. Usa, manipula e descarta quem ameaça romper seu ciclo. Foi assim com Jair Bolsonaro. É assim agora com Eduardo Bolsonaro. E será assim com Lula, quando deixar de ser útil.
O sistema é uma engrenagem feita para triturar quem o desafia. Um cartel invisível, formado por políticos, burocratas, juízes, bilionários, imprensa e aliados do poder — unidos por uma regra simples: preservar seus próprios privilégios. É ele quem define quem faz as leis, quem lucra com elas e quem garante que nada mudará. Foi o sistema que demonizou Jair Bolsonaro quando ele virou ameaça real à sua estrutura. É o mesmo sistema que agora prepara o descarte de Lula — o político que ajudou a restaurar o velho equilíbrio, mas que já começa a pesar demais para as engrenagens.
Os políticos são os engenheiros: criam leis que ampliam o poder do Estado e vendem ao povo o discurso de “proteção”.
Os burocratas são o braço administrativo: não são eleitos, mas criam obstáculos para justificar sua permanência.
Os juízes são os seguranças: interpretam a lei conforme a conveniência, blindando aliados e punindo inimigos.
A imprensa é o alto-falante: alterna silêncio e militância conforme a pauta do momento.
E os bilionários, com seus parceiros, são a alma financeira: falam em livre mercado, mas vivem de monopólios e subsídios.
Esses cinco grupos formam um círculo fechado. Um financia o outro. Um protege o outro. Um absolve o outro. Enquanto isso, você trabalha para sustentar um sistema que opera contra você. Tenta crescer, ele te puxa para baixo. Tenta falar, ele te cala. Tenta pensar, ele te vigia. Tenta ser honesto, ele te trata como suspeito. A cada real que sai do seu bolso, o sistema ganha mais poder sobre sua vida. É a escravidão moderna disfarçada de democracia.
O sistema foi feito para resistir a qualquer mudança. Chama de “retrocesso” o corte de privilégios; de “desmonte” a limitação do poder estatal; e de “ataque à democracia” qualquer questionamento sobre seu funcionamento.
Foi assim quando Bolsonaro mexeu nas estruturas. É assim agora, quando Eduardo Bolsonaro tenta manter viva a faísca do confronto. Mas o sistema é frio: quando o personagem cumpre seu papel, ele o descarta. Bolsonaro foi o inimigo necessário. Eduardo, o resquício incômodo. E Lula, o peão que será sacrificado quando a engrenagem precisar de outro vilão.
O sistema não é uma pessoa — é um mecanismo. E quem tenta mudá-lo, é triturado.
Mas há algo que ele teme: o cidadão indignado, consciente e informado. Porque um povo que aprende a viver livre nunca mais aceita coleira.
O exemplo de Donald Trump em 2016 é útil como estudo tático — não moral. Sua campanha mostrou que é possível romper a paisagem política tradicional com uma narrativa emocional, o uso direto das redes sociais, coalizões inesperadas e microsegmentação de eleitores. Essas táticas funcionaram porque contornaram o filtro das elites e falaram diretamente com o povo, sem intermediários.
Aprender táticas, porém, não é copiar modelos nem legitimar abusos. É compreender os mecanismos de mobilização e transformá-los em instrumentos de liberdade, não de dominação.
A força de qualquer ruptura vem de três pilares: narrativa verdadeira, organização popular e ética no uso do poder.
Uma narrativa forte não nasce do ódio, mas da clareza sobre o que precisa ser mudado — monopólios, privilégios, corrupção.
A organização popular nasce da base, de comunidades, sindicatos, igrejas, pequenos empreendedores e cidadãos que se unem em torno de princípios e não de cargos.
E a ética no uso do poder é o que separa a mudança real da simples troca de nomes no topo.
É aqui que entra o papel do povo e do trabalhador comum nessa luta. O sistema só sobrevive porque o cidadão acredita que é impotente. Mas é o contrário: é o trabalhador, com seu esforço diário, que sustenta toda a máquina. Quando ele entende isso, o jogo muda. O voto, o consumo, a voz nas redes, o apoio a causas locais, tudo se torna ferramenta de resistência. Nenhum poder é mais forte do que uma população consciente de seu valor.
E é justamente essa consciência que o sistema tenta evitar. Ele prefere o povo dividido, cansado e desinformado. Um povo que briga entre si e não percebe quem realmente está no controle. A luta constante contra o sistema pode levar os indivíduos críticos ao esgotamento mental e à desilusão, fazendo com que desistam de tentar mudar as coisas. Em contextos mais extremos, como em regimes autoritários, a crítica pode levar à censura, punições legais ou outras formas de repressão.
Eduardo Bolsonaro entendeu isso. E, longe de ser um traidor, age com as armas que tem. Sua atuação fora do Brasil não é fuga, é estratégia. Ele sabe que a batalha contra o sistema não se limita às fronteiras nacionais. O poder hoje é global: circula por bancos, corporações, redes sociais, tribunais e organismos internacionais. Combatê-lo exige articulação internacional, inteligência e preparo.
Eduardo não luta contra o Brasil. Ele luta pelo Brasil, em outro tabuleiro. Busca aliados, forma redes, defende o país em espaços onde a narrativa oficial tenta pintá-lo como inimigo. Faz o que o sistema mais teme: mantém viva a ideia de soberania, liberdade e responsabilidade individual.
O verdadeiro patriota não é quem obedece em silêncio, mas quem enfrenta a engrenagem que escraviza seu povo. Eduardo Bolsonaro faz isso com as armas que tem: informação, articulação e coragem.
O trabalhador é o motor. O povo é o combustível. E quem ousa desafiar o sistema, como Eduardo, é a centelha.
O sistema teme líderes, mas teme ainda mais um povo acordado. Porque quando o cidadão comum entende que é ele quem carrega a nação nas costas, a engrenagem para.
E é nesse momento, quando o trabalhador ergue a cabeça e o patriota não recua, que o sistema começa a ruir.
A força de qualquer ruptura nasce da combinação entre narrativa verdadeira, organização popular e ética no poder.
Uma narrativa forte une o país em torno de ideias simples e justas — menos privilégios, mais liberdade, mais responsabilidade.
A organização popular nasce da base — de comunidades, sindicatos, igrejas, pequenos empreendedores e cidadãos que decidem agir.
E a ética é o que separa a transformação real da troca de nomes no topo da pirâmide.
O papel do povo é o centro de tudo. O trabalhador é quem move a máquina e paga o preço de seus erros. É ele quem sustenta o país — e, quando desperta, é também quem pode pará-lo. O sistema só existe porque o cidadão comum acredita que está sozinho. Mas ele não está. Cada voz que se levanta, cada gesto de coragem, cada ato de solidariedade é uma rachadura na engrenagem.
O sistema teme líderes, mas teme ainda mais um povo acordado. Teme a consciência coletiva de que a força não está nos palácios, mas nas ruas, nas mãos calejadas de quem produz, nas mentes que se recusam a ser moldadas.
Chegará o dia em que a engrenagem vai ranger — não por um decreto, mas porque milhões de pessoas decidirão que não aceitam mais ser peças descartáveis. Quando o povo entender que pode dizer “basta”, o sistema não terá para onde correr.