Arruda e Cappelli: política sem filtro

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A aproximação entre o ex-governador marcado por escândalos e o ex-ministro da esquerda revela pragmatismo e contradições no cenário político do DF


A política brasiliense volta a surpreender com movimentos que desafiam a coerência ideológica. O ex-governador José Roberto Arruda, que deixou o PL após 12 anos de filiação, tem ensaiado uma aproximação com o ex-interventor Ricardo Cappelli, ex-PCdoB e hoje filiado ao PSB. O encontro entre ambos, registrado em uma foto que rapidamente circulou nas redes, acendeu alertas sobre uma possível aliança pragmática entre polos historicamente opostos.

Arruda, carrega o peso de cinco condenações por improbidade administrativa, tenta reabilitar sua imagem política e encontrar um novo espaço de atuação após perder terreno entre os bolsonaristas. Ligado ao entorno de Lula, Cappelli arrisca transformar um gesto político em contradição pública, ao se aproximar de um dos símbolos da velha política brasiliense.

Um pacto de conveniências

A aliança, embora informal, tem como pano de fundo um cálculo de sobrevivência. Arruda precisa de um grupo que o receba após ser deixado de lado pelo PL, partido que apoia a vice-governadora Celina Leão (PP), pré-candidata ao Palácio do Buriti com o apoio do governador Ibaneis Rocha (MDB). Cappelli, por outro lado, tenta expandir sua base de diálogo em um cenário eleitoral fragmentado, onde o centro político se torna terreno fértil para alianças improváveis.

Analistas políticos enxergam no gesto mais do que uma simples fotografia cordial. Trata-se de um pacto de conveniência entre um político que busca voltar ao jogo e outro que tenta crescer dentro dele. O simbolismo da aproximação com um ex-governador marcado por escândalos de corrupção causa desconforto dentro do PSB.

O peso da inelegibilidade

Apesar do otimismo declarado, Arruda enfrenta um obstáculo jurídico difícil de contornar. Condenado por atos de corrupção em diferentes processos — os mais recentes em 2018 e 2024 —, ele está inelegível até 2032, segundo entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda assim, o ex-governador aposta na Lei Complementar 219/25, que flexibilizou trechos da Lei da Ficha Limpa, para tentar reverter sua situação.

Enquanto isso, Cappelli evita declarações diretas sobre a aproximação, mas não a desautoriza. O silêncio, no entanto, fala por si: reflete o novo realismo político que tem se imposto no DF — um cenário em que o pragmatismo supera a ideologia, e a conveniência vale mais do que a coerência.

A possível aliança entre Arruda e Cappelli expõe as contradições de um sistema político que recicla velhos nomes sob novas narrativas. Mais do que um acordo estratégico, o gesto representa a normalização da conveniência como método político — e o esvaziamento dos princípios que deveriam nortear o debate público.

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