“Careca do INSS” entrou na Dataprev e sumiu dos registros

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© Lula Marques/Agência Brasil
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Relatórios da CPMI e registros de acesso mostram que Antônio Camilo Antunes — apontado pela comissão como peça central em esquema de descontos indevidos — esteve duas vezes na Dataprev em horários fora do expediente; saída não constou nos sistemas

 

 

 

 

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes contra aposentados do INSS afirma que Antônio Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS e apontado pela comissão como figura central no esquema, realizou ao menos duas visitas à Dataprev — estatal responsável por plataformas como o Meu INSS e pelo Gov.br — em períodos fora do horário comercial.

Conforme documentos anexados à investigação, as entradas ocorreram em 2 de fevereiro de 2022, às 17h12, e em 17 de maio de 2022, às 18h05. Em ambas as ocasiões, os registros indicam que o visitante utilizou a catraca 4 para entrar no prédio. Porém, segundo as anotações da própria Dataprev, não há registro automático de saída em nenhum dos dois episódios: a baixa do crachá teria sido realizada de forma manual apenas no dia seguinte, segundo a documentação obtida pela CPMI.

Em entrevistas e depoimentos colhidos no âmbito da comissão, fontes que acompanham as apurações relataram surpresa com o padrão das visitas — realizadas ao fim do expediente ou após o horário comercial — e com a ausência de marcação usual de saída nos sistemas de controle de acesso. Esses indícios passaram a ser interpretados pelos investigadores como elementos que merecem aprofundamento no curso das diligências.

Fontes internas também afirmaram que, em prédios públicos, há procedimentos e rotinas destinados a coibir acessos não autorizados — como o uso de garagens e elevadores reservados ao alto escalão para bypassar controles mais rígidos — e que episódios em que o fluxo formal de entrada e saída apresenta falhas costumam ser alvo de checagens complementares pelas áreas de segurança e governança da tecnologia.

Segundo a CPMI, Antunes teria se apresentado, em ocasiões anteriores, como revendedor da plataforma Qlik e foi recebido por Alan do Nascimento Santos, então diretor de Relacionamento e Negócios da Dataprev, conforme apontam anotações das agendas de atendimento. A comissão investiga possíveis vínculos entre acessos, interlocuções e as práticas de descontos associativos e inserção de dados não autorizados que teriam atingido beneficiários do INSS.

A Dataprev e os citados no relatório foram procurados para esclarecimentos sobre os registros de acesso, eventuais autorizações para as visitas e os procedimentos adotados quando há discrepância entre a entrada e a saída de visitantes; até a publicação desta reportagem não houve resposta oficial.

A CPMI prossegue com a coleta de provas e pretende aprofundar checagens nos controles de entrada e saída, além de analisar comunicações, agendas e eventuais autorizações internas que possam explicar as anomalias apontadas nos registros.

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