Lula veta mudanças na Ficha Limpa que poderiam beneficiar José Roberto Arruda, barrando mais uma vez a tentativa de retorno político do ex-governador condenado por corrupção
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva barrou, no limite do prazo legal, trechos da proposta que alterava a Lei da Ficha Limpa e poderia devolver direitos políticos a nomes condenados pela Justiça, como o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
Seguindo pareceres da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Ministério da Justiça, Lula vetou os dispositivos que reduziam o período de inelegibilidade e antecipavam a contagem da pena. A decisão será publicada no Diário Oficial da União.
Arruda, que vem percorrendo o DF em movimentos claros de pré-campanha, vê mais uma vez seu projeto eleitoral bloqueado pelo peso de seu passado. Condenado e afastado do poder em um dos maiores escândalos de corrupção do Distrito Federal, o ex-governador tenta se reposicionar politicamente, mas ignora a marca indelével deixada em sua biografia.
A medida de Lula preserva a regra atual: políticos condenados permanecem inelegíveis por oito anos, contados a partir do cumprimento da pena. O Senado havia aprovado mudanças que, na prática, diminuíam esse prazo ao considerar o início da contagem no momento da condenação.
No Planalto, a leitura é de que não há espaço político nem social para retrocessos na Ficha Limpa, especialmente após a recente pressão popular contra a chamada PEC da Blindagem. Ainda assim, caberá ao Congresso decidir se mantém ou derruba o veto — o que exigirá maioria absoluta em ambas as Casas.
Para Arruda, que sonhava com o retorno às urnas em 2026, a mensagem é clara: enquanto sua ficha continuar suja, seu projeto eleitoral seguirá barrado.